UNIDADE II – TÉCNICAS DE CAPTURA DE AVES

3. Disposição e montagem das redes


A escolha dos locais de colocação das redes dependerá muito dos objetivos e grupo alvo a ser capturado, mas deverá sempre levar em consideração o bem-estar das aves e a segurança dos anilhadores. Os detalhes da escolha de locais e da disposição das redes de neblina, bem como os procedimentos para a montagem e desmontagem das redes serão apresentados e praticados na etapa prática desse curso.

Aproveite e assista alguns vídeos que mostram a montagem e desmontagem das redes de neblina.




Rede-bandeira ou rede de dossel

As redes-bandeira, ou de dossel, nada mais são que as redes de neblina armadas e suspensas próximas ao dossel da vegetação, ou ligeiramente abaixo dele. O emprego desse tipo de rede de neblina necessita uma boa experiência prévia com uso de redes, pois são necessárias adaptações na técnica de armação da rede ornitológica. 

Para a colocação das redes nos estratos superiores da vegetação arbórea você deve conhecer bem a área e prepará-la previamente, selecionando as árvores altas com poucos galhos e vegetação que possa enroscar nas redes. Isso irá te demandar um monitoramento constante, o que costuma ser bastante trabalhoso, já que a cada ave capturada o sistema deve ser baixado para a ave ser retirada da rede.


Exemplo de sistemas para colocação de rede-de-neblina em dossel

 Fonte: Vechi e Alves (2015). 


Ao final desta unidade você encontrará algumas fontes sobre redes de dossel. Para saber mais detalhes e um passo a passo sobre a montagem e o uso de redes de dossel veja em: Von Matter. Guia Ilustrado para Montagem de Rede de Dossel.  



Rede dobrável (“Folding net”)

O uso de redes dobráveis (ou arremessáveis) é uma técnica que consiste em arremessar as redes sobre o local onde as aves estão. Sua utilização demanda bastante tempo para preparação e organização da estrutura (Bub, 1995). Para sua montagem é necessário a preparação do local e a utilização de uma fonte atrativa para as aves (alimentação ‘ceva’, chama ou playback).

Vários tamanhos de redes podem ser utilizados (2,5 por 3 m até mais de 30 metros de comprimento). Possui uma estruturação simples e seu acionamento é manual por cordas e elásticos, por isso é necessário um abrigo para o anilhador ficar monitorando o momento do acionamento. Podem ser montadas com duas redes sobre o mesmo local, ou somente uma rede e são bem eficientes em ambientes abertos, campestres e com aves que se agregam.

Veja o vídeo com a utilização de redes dobráveis:



Redes de lançamento (canhão ou elástico)

Seguindo o mesmo princípio das redes dobráveis, as redes de lançamento consistem em uma rede de nylon que é disparada sobre um grupo de aves. O lançamento da rede pode ser realizado com canhões, com carga explosiva ou por um sistema de elásticos. De acordo com o modo de lançamento são conhecidas por rede-canhão ou rede-elástico. 

Existe uma grande variedade de tamanhos de redes, podendo chegar aos 30 m de comprimento. No caso de acionamento por elásticos, o método fica limitado para redes de pequenas dimensões (até 5 x 3 m), dada a menor impulsão proporcionada pelo elástico, quando comparada com o disparo de canhão (Underhill; Underhill, 1987). 

Você deve escolher uma rede cujas dimensões sejam compatíveis com o número de aves que deseja capturar. Quanto maior a rede, maior o número de aves capturadas, em função da maior área coberta. As redes de lançamento são indicadas para aves de médio a grande porte, podendo-se escolher malhas entre 30 e 60 mm. 

As redes de lançamento são utilizadas em diversos países, especialmente para captura de aves gregárias que descansam em bandos, como aves limícolas, aquáticas, columbídeos, dentre outras. Para aumentar sua eficiência, as aves podem ser atraídas com uso de ceva, iscas ou chamas (manequins de madeira, borracha ou qualquer outro material).  

É um método que possui alto custo (com canhões) e que causa um grande distúrbio nas áreas de agregação das aves devido às explosões dos disparos. Devido aos riscos potenciais do uso de explosivos, que requer treinamento específico e autorizações especiais, tem-se desenvolvido alternativas, como o uso dos elásticos (Bamford et al., 2009). 

Detalhes do funcionamento também podem ser encontrados nos capítulos 4 e 16 do Manual de anilhamento de aves silvestres (Sousa; Serafini, 2020).

Para ter uma ideia sobre o funcionamento e operação das redes assista aos vídeos: