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A gestão do fogo na Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins, Brasil, 2017, ANA CAROLINA SENA BARRADAS

ANA CAROLINA SENA BARRADA, 2017, A gestão do fogo na Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins, Brasil - Dissertação de Mestrado Profissional do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - Escola Nacional de Botânica Tropical – ENBT

A proposta desta pesquisa foi descrever a evolução da gestão do fogo na Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins (EESGT) e buscar compreender os motivos que levaram à adoção e transição de posturas institucionais pirofóbicas para pirofílicas nesta unidade de conservação (UC) de proteção integral. O método de trabalho envolveu revisão bibliográfica, levantamento e análise documental, entrevistas semi-estruturadas e consultas a 39 pessoas que prestaram serviços na EESGT desde sua criação. Trata-se também de uma pesquisa baseada em experiência pessoal, visto que a autora trabalha na UC há quase oito anos. Foram identificados os principais marcos da gestão do fogo na EESGT e duas abordagens de gestão características: uma tendendo à exclusão do fogo, e outra voltada para o manejo do fogo, sendo a transição das abordagens marcada por momentos de tensionamento da gestão e mudança de paradigmas. As estratégias de gestão voltadas para exclusão do fogo levaram ao acirramento de conflitos socioambientais, acúmulo de combustível e frustração de gestores pela falta de perspectiva de melhora do contexto. A EESGT enfrentou o desafio de mudar formalmente paradigmas de gestão ao assumir que o manejo adaptativo do fogo pode garantir a efetiva proteção da sua sociobiodiversidade, o que foi previsto legalmente na aprovação o seu Plano de Manejo, em 2014. Balizada por processos de aprendizado pela prática, atualmente a EESGT vem experimentando a realização de queimas prescritas e o aumento da escala de participação social na gestão do fogo na UC. A experiência de implementação do manejo integrado do fogo na EESGT revelou que é possível reverter cenários de recorrência de grandes incêndios no final da estação seca comuns em UC do Cerrado e transformar conflitos socioambientais em oportunidades de integração de saberes e gestão participativa. Este trabalho pode contribuir com a memória da história da gestão do fogo no país e inspirar a revisão de paradigmas tradicionais na conservação da biodiversidade brasileira em unidades de conservação.


Categoria: unidades_de_conservação_gestão
Ano de publicação: 2017