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Aspectos Da Introdução Das Espécies Exóticas: O Capim-Gordura E A Braquiária No Parque Nacional De Brasília

Espécies exóticas invasoras são as maiores ameaças biológicas ao meio ambiente, com enormes prejuízos à economia, à biodiversidade e aos ecossistemas naturais, além dos riscos à saúde humana. São consideradas a segunda maior causa de perda de biodiversidade. Atualmente está em curso uma aceleração no processo de invasões biológicas e o Parque Nacional de Brasília apresenta sinais de invasão de gramíneas exóticas. Este trabalho faz uma pesquisa qualitativa e bibliográfica e algumas entrevistas, realizando um levantamento histórico do processo da introdução das espécies exóticas, nos continentes; em ilhas e no Brasil e, mais especificamente, no Parque Nacional de Brasília com relação às gramíneas: capim-gordura (Melinis Minutiflora Beauv.) e a Braquiária (Brachiaria decumbens Stapf.). Procura relacionar as influências das relações econômicas e sócio-ambientais da região e entorno do parque com as introduções destas gramíneas e compreender os mecanismos e vetores destas introduções. Os levantamentos bibliográficos e as entrevistas sobre o processo de introdução das gramíneas estudadas, no Parque Nacional de Brasília, indicaram que o capim gordura (M. minutiflora) é remanescente de antigas fazendas, na área da criação do parque. A Braquiária (B. decumbens), assim como outras gramíneas exóticas, foi introduzida mais recentemente a partir da década de 1970. O processo de estabelecimento e invasão destas gramíneas foi favorecido pela degradação de áreas no entorno e dentro do parque. A ocupação sócio-econômica desordenada do entorno do Parque Nacional de Brasília contribuiu para o processo de invasão de gramíneas exóticas. As entrevistas indicaram que um dos principais vetores de dispersão das gramíneas exóticas, dentro do parque, foram e continuam sendo os carros que por meio das estradas internas, disseminam as suas sementes.

Ano de Publicação: 2009

Potencial da gramínea exótica braquiária, Urochloa decumbens (Stapf) R. D. Webster (Poaceae), como barreira à regeneração natural no Parque Nacional da Serra da Bodoquena

O problema abordado neste trabalho foi a introdução da gramínea exótica braquiária, Urochloa decumbens (Stapf) R. D. Webster (Poaceae), e o que isso impõe de obstáculo à regeneração natural das áreas antropizadas do Parque Nacional da Serra da Bodoquena. Foram realizados dois estudos numa Zona de Recuperação definida no plano de manejo. O primeiro consistiu na análise de imagens de satélite, desde o momento mais próximo antes da abertura da primeira clareira, até a imagem mais recente, para analisar os efeitos da introdução da espécie exótica na paisagem. O segundo estudo analisou o banco de sementes no fragmento florestal remanescente e na matriz de pastagem, a distâncias de 5, 20 e 100 metros da borda que separa esses dois ambientes. Os estudos mostraram que 36,9% da área foi transformada em pastagem, num desenho recortado, orientado pela topografia, expondo as florestas remanescentes ao efeito de borda em quase sua totalidade. Outro resultado indica que o banco de sementes é pobre, tanto na floresta, quanto na área de pastagem, comparando com estudos em outras fisionomias florestais. Além disso, foi identificada a presença de sementes viáveis de braquiária em amostras do fragmento florestal, a cinco e a vinte metros da borda. Dessa forma, conclui-se que a introdução da braquiária não só torna muito improvável a regeneração natural na área de estudo , como ainda, caso não sejam tomadas medidas para a restauração, tende a aumentar o processo de degradação da paisagem com o avanço da matriz de pastagem sobre os remanescentes florestais.

Ano de Publicação: 2014

Ecologia de Populações de Ocotea porosa (Nees) Barroso em Áreas submetidas a diferentes graus de perturbação

A imbuia (Ocotea porosa (Nees) Barroso - Lauraceae), espécie arbórea típica da Floresta Ombrófila Mista, em função da grande exploração madeireira de que foi alvo e da degradação de seus hábitats para expansão da fronteira agrícola, está incluída em diversas listas de espécies ameaçadas. Estudos sobre a demografia de populações arbóreas são considerados fundamentais para a compreensão dos mecanismos que mantém a excepcional riqueza das florestas tropicais e conseqüentemente para subsidiar programas de manejo e conservação das mesmas. Este estudo teve como objetivo verificar se alterações em componentes ambientais, resultantes da degradação de hábitat (tamanho e grau de isolamento do fragmento, percentual de cobertura do dossel, densidade de caules e grau de perturbação) influenciam a estrutura de populações de Ocotea porosa. Foram amostradas cinco populações nas porções centro-sul e leste do estado do Paraná e avaliados aspectos demográficos relativos à densidade, à estrutura de tamanho e às relações alométricas. Não foram encontradas relações entre as variáveis ambientais e as densidades totais. As populações das cinco áreas apresentaram diferenças na hierarquização dos indivíduos de acordo com altura e diâmetro da base o que demonstra a ocorrência de diferentes estruturas de tamanho das populações. Populações menos hierarquizadas foram verificadas em áreas com maior grau de perturbação ou em pequeno fragmento. Foram verificadas também diferenças nas relações alométricas entre altura e diâmetro, o que sugere que a forma dos indivíduos de O. porosa pode ser alterada pela degradação do hábitat. Esse estudo demonstrou que todas as populações estudadas apresentavam alterações nos parâmetros demográficos em conseqüência da degradação do hábitat.

Ano de Publicação: 2008

Variação Da Riqueza De Espécies De Orquídeas Em Um Gradiente Altitudinal Na Serra Dos Órgãos, Rj

A variação da riqueza de espécies ao longo de gradientes altitudinais é um dos padrões de distribuição dos organismos que a Ecologia e a Biogeografia buscam compreender. Este trabalho analisa a variação espacial da riqueza de orquídeas ao longo de um gradiente altitudinal de 2300 metros na Serra dos Órgãos, estado do Rio de Janeiro, e testa duas hipóteses alternativas: a riqueza de espécies decresce com o aumento da altitude, como previsto pelo efeito de Rapoport; ou a riqueza de espécies é maior em altitudes intermediárias, como previsto pelo efeito de domínio médio. Registros de ocorrência de orquídeas na área de estudo foram obtidos em herbários e georreferenciados em escala 1:50000. A área de estudo foi divida em 23 faixas altitudinais de 100 metros de altitude, englobando desde o nível do mar até o topo das montanhas. A completude dos dados e a existência de vieses na amostragem foram avaliadas. Para avaliar o efeito de Rapoport, a amplitude de distribuição altitudinal das espécies foi comparada com seus pontos médios de altitude através de regressão. A riqueza de espécies por faixa altitudinal foi comparada com um modelo nulo de efeito do domínio médio, o número de localidades de coleta por faixa altitudinal, a área de cada faixa altitudinal, a temperatura média e a precipitação média através de regressões. Foram obtidos 642 registros de ocorrência de orquídeas, pertencentes a 213 espécies e 81 gêneros, porém apenas 135 espécies apresentaram dados suficientes para as análises do padrão de riqueza versus altitude. As análises indicam uma insuficiência de coleta em todas as altitudes e um viés de amostragem relacionado à acessibilidade. A relação riqueza de espécies versus altitude apresenta um padrão em forma de corcova, com um pico de riqueza entre 900 e 1500m de altitude, tanto para todas as 135 espécies analisadas quanto para as 47 espécies de distribuição ampla. A distribuição altitudinal da riqueza de espécies é influenciada pelo número de localidades de coleta, sendo as faixas com maior número de localidades as mais ricas. A relação espécies-área não parece estar moldando o padrão de riqueza encontrado. O efeito de domínio médio é o fator que melhor explica a distribuição altitudinal da riqueza de espécies. Foi confirmada a previsão da teoria de que espécies com distribuição ampla respondem melhor ao efeito de domínio médio. O pico de riqueza de espécies em altitudes intermediárias pode ser interpretado como o resultado do acúmulo das distribuições de cada espécie de orquídea, dadas as restrições espaciais do domínio altitudinal. São feitas considerações sobre a aplicabilidade dos resultados para o manejo do Parque Nacional da Serra dos Órgãos.

Ano de Publicação: 2010

Castanheiros e Castanhais da Bacia do Rio Unini, Barcelos, AM

A coleta da castanha-do-brasil é uma atividade de grande importância socioeconômica para as populações tradicionais da Amazônia. Na área de estudo, a bacia do rio Unini, localizada na região do rio Negro (Barcelos, AM), um projeto de valorização da cadeia de valor da castanha-do-brasil possibilitou a construção de estruturas para beneficiamento da produção local, para ser gerenciado pela cooperativa formada pelos extrativistas. No entanto, observou-se que o empreendimento opera muito aquém de sua capacidade. No intuito de compreender quais fatores poderiam estar limitando o incremento do volume de produção recebida e beneficiada pela cooperativa, uma análise dos principais fatores que influenciam a tomada de decisão dos castanheiros quanto ao manejo, produção e comercialização da castanha-do-brasil foi efetuada. Os procedimentos metodológicos utilizados para a obtenção dos dados foram: entrevistas, investigação documental, observação participante e geoprocessamento, além da aplicação de protocolo para contagem da produção de ouriços por castanheiras, preenchido em conjunto com os castanheiros e, análises de contaminação por aflatoxina e atividade de água em amostras de castanha-do-brasil com casca. Caracterizou-se o perfil socioeconômico dos trabalhadores extrativistas do rio Unini, e constatou-se que o seu número diminuiu nos últimos cinco anos. Descreveu-se o sistema de manejo dos castanhais e da produção praticados, sendo possível identificarem-se três distintos regimes de coleta e suas respectivas produtividades e rentabilidades. Constatou-se que a maior parte da produção do Rio Unini segue outros fluxos de comercialização que não aquele destinado à cooperativa local. A partir dessas análises, foi possível fazer recomendações aos atores sociais envolvidos no projeto, no sentido de se aumentar o fluxo de produção direcionado à cooperativa local de beneficiamento da castanha-do-brasil. Concluiu-se que a iniciativa de modernização da organização social da produção já alcança grande importância social, econômica e ambiental para os extrativistas do rio Unini e para a gestão das áreas protegidas, e que seu sucesso está ligado a um processo contínuo de aprimoramento da cadeia de valor, em que a rede de atores sociais envolvidos é valorizada e as alianças formadas são fortalecidas.

Ano de Publicação: 2015

Caracterização das fisionomias vegetais da Ilha Queimada Grande - Itanhaém/SP, como subsídio à elaboração do Plano de Manejo da Área de Relevante Interesse Ecológico das Ilhas Queimada Pequena e Queimada Grande

A ARIE das Ilhas Queimada Pequena e Queimada Grande, Unidade de Conservação Federal de Uso Sustentável, sob a gestão do ICMBio, localiza-se no litoral Sul de São Paulo, entre os municípios de Itanhaém e Peruíbe. A Ilha Queimada Grande (IQG), objeto deste estudo, tem 57 ha e dista 34,8 km da costa. Possui espécies endêmicas criticamente em perigo de extinção, como a jararaca-ilhoa (Bothrops insularis) e Scinax peixotoi (Hylidae), além de outras de interesse conservacionista. O atual estudo ampliou o foco até então concentrado na fauna, e buscou caracterizar as comunidades vegetais da IQG. Os levantamentos florístico e fitossociológico indicaram 103 espécies, sendo que Guapira opposita, Rudgea minor e Aspidosperma australe destacaram-se em importância na formação florestal. As famílias mais ricas foram Fabaceae, com 12 espécies, Apocynaceae (7), Asteraceae (6), Convolvulaceae e Orchidaceae (5), Poaceae e Acanthaceae (4). A maior parte da ilha possui vegetação aparentemente primária, classificada como Mata Atlântica, embora de baixa estatura devido às condições locais. O mapeamento de uso e cobertura do solo indicou que a classe Floresta ocupa, atualmente, ~51% da área, seguida de Rocha Nua (~25%). A área degradada e em recuperação somam ~9%. A formação florestal é o principal hábitat da jararaca-ilhoa e, aparentemente, é a principal fonte de alimento (frutos e sementes) para os passeriformes Elaenia chilensis e Turdus flavipes, que constituem a base de sua alimentação na sua fase adulta. Os dados aqui apresentados subsidiarão ações de gestão da Unidade, incluindo a elaboração de seu Plano de Manejo. Palavras chave: Ilhas costeiras, Unidade de Conservação, Floresta Atlântica, fitossociologia, Bothrops insularis, dispersão.

Ano de Publicação: 2015

Obstáculos à exploração do baru (Dipteryx alata Vog.) no Cerrado Goiano: sustentabilidade comprometida?

Este trabalho tem como objetivo verificar se a exploração do fruto do baru – Dipteryx alata Vogel (Fabaceae) – no Cerrado do Estado de Goiás, no Brasil Central, é uma alternativa sustentável de geração de renda para os agentes que participam da sua cadeia produtiva. Para alcançar esse objetivo, optou-se pela mensuração das dimensões das sustentabilidades ambiental, social, econômica, política e da saúde, por meio de indicadores, bem como entrevistas projetivas e semiestruturadas. Os resultados obtidos com a aplicação da metodologia proposta mostram que nas condições atuais, a exploração do baru nos municípios estudados não se configura como uma atividade sustentável de geração de renda para os agentes que participam da sua cadeia produtiva, uma vez que atende parcialmente ao pressuposto segundo o qual a atividade para ser considerada sustentável tem que apresentar um equilíbrio entre as várias dimensões da sustentabilidade. Os agricultores alcançaram um grau de sustentabilidade médio, com Índice de Sustentabilidade variado entre as dimensões analisadas. As instituições privadas que utilizam o baru alcançaram grau de sustentabilidade baixo, apresentando também grande variação entre as dimensões avaliadas. Os maiores obstáculos identificados pelos agricultores são: dificuldade que encontram para gerenciar empreendimentos coletivos; inexistência de maquinário adequado para despolpar e quebrar o fruto do baru. A legislação que não está sendo aplicada não se configura como um obstáculo para esses atores. Para as instituições privadas que processam o baru, os maiores obstáculos foram: fornecimento irregular da castanha do baru em função da sazonalidade do fruto e inexistência de equipamentos e tecnologias adequada às necessidades do ramo no qual atuam. O estudo permitiu também identificar que o modelo produtivo do baru encontrado nos municípios estudados apresenta características diferentes de modelos propostos por autores como Homma, A. K. O. (1993), Rêgo, J. F. do (1992) e Drummond, J. A. (1996) para o extrativismo. O baru é importante para os agricultores familiares que o exploram pelo fato de se constituir em uma fonte de renda imediata da qual lançam mão quando necessitam de dinheiro em espécie.

Palavras-chave: Baru, Cadeia produtiva, Sustentabilidade, Extrativismo vegetal, Modelo produtivo.

Ano de Publicação: 2011

Os folheiros do Jaborandi: organização, parcerias e seu lugar no extrativismo amazônico

O jaborandi (Pilocarpus microphyllus Stapf ex Wardl) é uma planta de porte arbustivo da família Rutaceae. Seu uso é consagrado na oftalmologia em virtude da presença da pilocarpina, substância utilizada na produção de colírios para o tratamento do glaucoma. Além disso, o jaborandi é muito utilizado na indústria cosmética, em xampus e cremes capilares contra queda de cabelo. Na Floresta Nacional de Carajás existem populações nativas de jaborandi manejados pela população local, organizados em uma Cooperativa e que são denominados folheiros. De modo a investigar como evoluiu o extrativismo desta planta em Carajás e quais as perspectivas para atividade, partimos de uma pergunta norteadora para o trabalho: Por que, apesar de todas as dificuldades em sua base organizativa, do baixo poderio na negociação com as empresas farmacêuticas, do processo de criminalização de que foram alvos, e das fragilidades do extrativismo vegetal como atividade econômica, os folheiros do jaborandi persistem na atividade extrativista após 25 anos? Através de quatro hipóteses explicativas traçamos o cenário para o extrativismo de jaborandi em Carajás dialogando com a literatura que aborda o manejo de recursos naturais em florestas tropicais, em especial sobre o extrativismo vegetal. Concluímos que o extrativismo de jaborandi, após várias dificuldades legais para seu ordenamento, evoluiu de uma condição de grande repressão do Estado até um processo de pactuação para seu manejo sustentável. Apesar das previsões sobre a inviabilidade econômica do extrativismo, entendemos que o extrativismo de jaborandi possa ser uma exceção aos padrões anteriormente observados. Isto porque a planta nativa possui vantagens qualitativas em relação ao jaborandi cultivado em larga escala. Atualmente as empresas farmacêuticas tem buscado adquirir folhas de jaborandi de extrativistas também pelas vantagens de mercado associadas à imagem positiva das parcerias estabelecidas com comunidades locais ou populações tradicionais. Apesar disto, o extrativismo corre sério risco de entrar em colapso pela frágil organização social dos folheiros ou pela inviabilidade de seu manejo, causada pelo avanço da mineração na área.

Palavras-chave: Extrativismo. Jaborandi. Unidade de Conservação. Pilocarpus microphyllus. Mineração.

Ano de Publicação: 2012

Os folheiros do Jaborandi: organização, parcerias e seu lugar no extrativismo amazônico

O jaborandi (Pilocarpus microphyllus Stapf ex Wardl) é uma planta de porte arbustivo da família Rutaceae. Seu uso é consagrado na oftalmologia em virtude da presença da pilocarpina, substância utilizada na produção de colírios para o tratamento do glaucoma. Além disso, o jaborandi é muito utilizado na indústria cosmética, em xampus e cremes capilares contra queda de cabelo. Na Floresta Nacional de Carajás existem populações nativas de jaborandi manejados pela população local, organizados em uma Cooperativa e que são denominados folheiros. De modo a investigar como evoluiu o extrativismo desta planta em Carajás e quais as perspectivas para atividade, partimos de uma pergunta norteadora para o trabalho: Por que, apesar de todas as dificuldades em sua base organizativa, do baixo poderio na negociação com as empresas farmacêuticas, do processo de criminalização de que foram alvos, e das fragilidades do extrativismo vegetal como atividade econômica, os folheiros do jaborandi persistem na atividade extrativista após 25 anos? Através de quatro hipóteses explicativas traçamos o cenário para o extrativismo de jaborandi em Carajás dialogando com a literatura que aborda o manejo de recursos naturais em florestas tropicais, em especial sobre o extrativismo vegetal. Concluímos que o extrativismo de jaborandi, após várias dificuldades legais para seu ordenamento, evoluiu de uma condição de grande repressão do Estado até um processo de pactuação para seu manejo sustentável. Apesar das previsões sobre a inviabilidade econômica do extrativismo, entendemos que o extrativismo de jaborandi possa ser uma exceção aos padrões anteriormente observados. Isto porque a planta nativa possui vantagens qualitativas em relação ao jaborandi cultivado em larga escala. Atualmente as empresas farmacêuticas tem buscado adquirir folhas de jaborandi de extrativistas também pelas vantagens de mercado associadas à imagem positiva das parcerias estabelecidas com comunidades locais ou populações tradicionais. Apesar disto, o extrativismo corre sério risco de entrar em colapso pela frágil organização social dos folheiros ou pela inviabilidade de seu manejo, causada pelo avanço da mineração na área.

Palavras-chave: Extrativismo. Jaborandi. Unidade de Conservação. Pilocarpus microphyllus. Mineração.

Ano de Publicação: 2012

As paisagens do Mate e a Conservação Socioambiental: um estudo junto aos agricultores familiares do Planalto Norte Catarinense

A erva-mate (Ilex paraguariensis St Hil.) é uma espécie arbórea nativa da Floresta com Araucária de significativa importância econômica e social para grande parte da região sul do Brasil, contribuindo para a conservação dos remanescentes florestais através de manejos tradicionais de ervais nativos. Os ervais, no entanto, apresentam uma grande diversidade de situações, frente aos diferentes manejos, aos significados que possam ter aos agricultores e às influências sociais, políticas e econômicas a que estão submetidos, configurando diferentes paisagens e, consequentemente, diferentes capacidades de contribuição para a conservação socioambiental. Nesse contexto, o objetivo geral desta tese foi estudar as diferentes paisagens de ervais do Planalto Norte Catarinense (PNC) – principal região produtora de erva-mate nativa de Santa Catarina – e sua relação com a conservação socioambiental, no âmbito da agricultura familiar. A metodologia teve como base a pesquisa qualitativa, com apoio de recursos quantitativos, como a estatística descritiva. Foram realizadas 64 entrevistas semiestruturadas, junto a agricultores familiares, agentes de assistência técnica e extensão rural (ATER) e industriais ervateiros, além da avaliação de 66 ervais, com base em roteiro específico e percorrimento daqueles locais. Foi possível identificar 13 tipos de unidades de paisagens dos ervais (UPEs). Tanto nos ervais nativos quanto nos plantados, observa-se que, à medida que a cobertura florestal das UPEs diminui, aumenta a domesticação das paisagens, a produção de biomassa da erva-mate, o uso de agrotóxicos e a erosão dos solos, por outro lado diminui a biodiversidade, a estabilidade e resiliência dos ervais, a ciclagem de nutrientes, os usos da paisagem e a qualidade da erva-mate. A erva-mate, mais do que gerar recursos monetários significativos, constitui uma atividade que produz uma renda segura, com poucos investimentos, assumindo uma importante função de reserva de valor e de estabilização das unidades familiares. Configura-se como uma atividade fortemente ligada às tradições e à história das famílias, além de ser um trabalho prazeroso para os agricultores.Contribui para a conservação dos remanescentes florestais e de espécies arbóreas ameaçadas de extinção, aumenta a conectividade entre fragmentos florestais, gera diversos serviços ecossistêmicos e permite uma multiplicidade de usos nos ervais florestais. Conclui-se, assim, que a atividade ervateira representa grande importância para a conservação socioambiental no PNC. Porém, à medida que os ervais se afastam de paisagens florestais e se aproximam de paisagens de lavouras, perdem, gradativamente, aspectos positivos relacionados a essa conservação socioambiental. Constatou-se que a preferência do mercado por uma erva-mate que produza um sabor mais suave está, normalmente, vinculada a ervais sombreados, em ambiente florestal, formado por erveiras nativas ou mesmo plantadas, desde que através de sementes/mudas nativas da região e com um manejo que respeite o ritmo da natureza. As instituições de ATER, praticamente não trabalham com a atividade ervateira, configurando uma “invisibilidade” da atividade para essas instituições. As instituições de pesquisa, de forma geral, limitam seu trabalho ao manejo de ervais plantados. A busca de um melhor manejo, amparado legalmente, que consiga compatibilizar, além da conservação genética, produção significativa de erva-mate com as demais funções sociais e ecológicas dos ervais, respeitando as formas de manejo tradicionais, na maioria das vezes associadas com a criação de gado, constitui um grande desafio no PNC.

Palavras-chave: Agricultura familiar. Conservação socioambiental. Erva-mate. Paisagem. Planalto Norte Catarinense.

Ano de Publicação: 2014