O conflito de Carajás abordado neste trabalho baseia-se na relação da mineração com a conservação da biodiversidade. Para proteger jazidas minerais da ocupação humana criou-se no Pará, Amazônia brasileira, um conjunto de áreas protegidas. Entre elas a Floresta Nacional (Flona) de Carajás, que prevê a mineração como um dos seus objetivos. Nesta Flona ocorre um tipo raro de campo rupestre, associado aos afloramentos rochosos de hematita, conhecido como vegetação de canga e, localmente, como “Savana Metalófila”. Ecossistema singular com importantes atributos para conservação e com reconhecida ocorrência de endemismos merecendo destaque também pela riqueza mineral, pois, sob esta vegetação rupestre ocorrem grandes jazidas de minério de ferro de alto teor. A polêmica em torno da mineração e/ou conservação da savana metalófila em Carajás tem ganhado espaço no cenário político e econômico. Diante deste conflito muitos dados sobre este ecossistema foram levantados e, no escopo deste trabalho, foram compilados sendo identificados atributos considerados importantes alvos para a conservação. A distribuição espacial destes alvos foi analisada em relação às áreas com maior quantidade de minério de ferro, através do uso de análises determinísticas disponíveis no software Zonation, que promove uma priorização hierárquica da paisagem. Como resultado, apresentamos cenários que discutem as possibilidades de compatibilização da preservação ambiental com a mineração e indicamos as áreas prioritárias para a conservação assim como atributos mais vulneráveis ao avanço da atividade minerária, propondo ao final um zoneamento para a unidade de conservação que viabilize a coexistência da mineração com a conservação do ecossistema de canga.