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Biologia e exploração da Anomalocardia brasiliana por populações de ribeirinhos no estuário do Rio Goiana (PE-PB), Nordeste do Brasil. - Tese de Doutorado na UFPE

Autores

JACQUELINE SANTOS SILVA-CAVALCANTI

Ano de Publicação
2011
Categoria
PESQUISA AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DA BIODIVERSIDADE
Descrição

Resumo

Este trabalho vem contribuir com conhecimentos sobre a biologia, população humana e utilização do recurso Anomalocardia brasiliana em um estuário do Nordeste do Brasil. No estuário do rio Goiana, exploram (e dependem) desse recurso aproximadamente 500 famílias, levando a criação de uma reserva extrativista voltada à pesca da Anomalocardia brasiliana e outros recursos. Através de questionários semi-estruturados aplicados a marisqueiras e pescadores concluiu-se que o recurso representa a única fonte de renda para 69,7% da população. O comércio de Anomalocardia brasiliana rende uma média de R$ 144 por mês na área não protegida e R$119 na área protegida. A pesca é realizada em sua maioria por mulheres que aprenderam as técnicas com suas mães, garantindo baixas capturas do recurso, apesar da diminuição no tamanho dos indivíduos coletados. Estudos sobre tamanho, densidade, biomassa, índice de condição e rendimento foram realizados ao longo de um ciclo anual e comparações com parâmetros ambientais foram feitas com o intuito de serem caracterizados padrões espaços-temporais na ocorrência da espécie. Diferenças temporais foram registradas para comprimento, peso total, biomassa, índice de condição e rendimento. O tamanho médio na população amostrada foi de aproximadamente 15 mm. A densidade média e desvio padrão por estação foi de 319±259, 1600±1555, 1525±1389 e 496± 607,8 ind.m-2, para as estações final da chuva, final da seca, início da chuva e início da seca, respectivamente. O valor médio de biomassa total em cada ponto amostrado (áreas A, B e C) por estação foi 75,6±90,9, 57,3±97, 221± 231,4 e 23,46± 34,39 g.m-2 para as estações final da chuva, final seca, início da chuva e início da seca, respectivamente. Variações espaciais foram registradas para comprimento, peso total e índice de condição. As variáveis ambientais também sofreram variações temporais. As três áreas estudadas apresentaram predominância de sedimentos arenosos ao longo de todo o ano, exceto no início da estação chuvosa, onde ocorreu a predominância da fração silte-argila. O evento da Lei 9.985 de 2000, conhecida como SNUC, reacendeu o interesse científico pela espécie face à possibilidade de se criarem reservas extrativistas visando a preservação dos modos de vida tradicionais das marisqueiras. Outras reservas extrativistas nos moldes das já existentes estão sendo planejadas e cogitadas pelo Centro Nacional de Populações Tradicionais (MMA); o conhecimento científico sobre a espécie em sua área de ocorrência é fundamental para o sucesso dessas unidades de conservação. Por outro lado, o levantamento, registro, transferência e utilização dos conhecimentos empíricos das comunidades são coadjuvantes de peso na administração dessas áreas. O acoplamento desses dois conhecimento (científico e empírico) é o próximo desafio a ser enfrentado por cientistas, gestores e comunidades tradicionais na busca de ambientes sustentáveis.

Palavras-chave: Áreas de Conservação Marinhas, comunidades tradicionais, berbigão, vôngole, recurso natural vivo, gerenciamento costeiro.

Tipo de publicação
Trabalho acadêmico (TCCs, dissertações, teses e trabalhos científicos apresentados em congressos e cursos)
Local da publicação
Recife - PE
Nº da edição ou volume
Editora
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
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