RESUMO O presente estudo de caso tem como objetivo analisar a política pública ambiental de criação de Reservas Extrativistas, na perspectiva do desenvolvimento local. Especificamente, o que se pretende é analisar o capital social das marisqueiras da Reserva Extrativista Acaú/Goiana, divisa dos Estados da Paraíba e de Pernambuco. Atualmente, a Zona da Mata Norte de Pernambuco, onde está localizado o Município de Goiana, passa por uma série de conflitos socioambientais envolvendo grandes empreendimentos industriais. As marisqueiras da Reserva Extrativista de Acaú/Goiana, em movimento contrário a esse processo de industrialização tem papel fundamental no Conselho Deliberativo da unidade. Para compreender de que forma está se construindo o Capital Social das marisqueiras da Reserva Extrativista de Acaú/Goiana foram realizados levantamentos de informações sobre a criação da Reserva Extrativista em jornais e periódicos, impressos e digitais disponíveis na internet. Foram utilizadas técnicas de observação direta, como a observação de campo e técnicas de observação indireta, como a realização de entrevistas semiestruturadas. Foram realizadas viagens de campo para as comunidades de Acaú(PB), Carne de Vaca(PE) e São Lourenço(PE), no período de maio a julho de 2012, para a realização de duzentas e seis entrevistas semiestruturadas, as quais foram aplicadas de maneira não probabilista. As entrevistas semiestruturadas para a presente investigação foram compostas de 04 (quatro) blocos de perguntas, relacionados a categoria confiança, no âmbito do conceito de capital social. O primeiro bloco referiu-se às informações de identificação pessoal. O segundo bloco teve como objetivo sondar a confiança generalizada em relação às marisqueiras das comunidades. O terceiro bloco foi concentrado em informações acerca da confiança interpessoal dessas marisqueiras. O quarto bloco teve por objetivo abordar a confiança institucional das marisqueiras. As entrevistas realizadas foram analisadas nas dimensões das relações dos pescadores na faina de pesca e nas dimensões de relações exógenas à tradição de pesca e articuladas com abordagens distintas do capital social, na perspectiva do desenvolvimento local. No capital social das marisqueiras da Reserva Extrativista de Acaú/Goiana, a confiança, na dimensão comunitária, coloca em evidência o aspecto fraco desse capital. Entretanto, a confiança dessas marisqueiras, na dimensão da mariscagem, lastreada pelo saber-fazer tradicional intimamente ligado ao ambiente natural, constitui-se como fator positivo desse capital social para participação dessas marisqueiras no Conselho Deliberativo da Reserva Extrativista. Para a compreensão do papel do Estado na formação do capital social das marisqueiras da Reserva Extrativista Acaú/Goiana deve-se observá-lo em suas diversas faces, ora deixando lacunas em sua função de ordenar e fiscalizar o uso dos recursos naturais no estuário dos rios Goiana e Megaó, ora dispondo de políticas públicas que condicionam a participação da sociedade na criação, implementação e gestão de unidades de conservação. Palavras-chave: Capital Social. Desenvolvimento Local. Resex. Sustentabilidade. |