Midiateca

Mariposas polinizadoras do cerrado : identificação, distribuição, importância e conservação : Família Sphingidae (Insecta Lepidoptera)

Autores

Amabílio José Aires de Camargo, 

 Willian Rogers Ferreira de Camargo, 

 Danilo do Carmo Vieira Corrêa, 

 Marina de Fátima Vilela, 

 Felipe Wanderley Amorim

Ano de Publicação
2018
Categoria
PESQUISA AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DA BIODIVERSIDADE
Descrição

Apresentação

 Atualmente, um dos maiores desafios que se apresenta para a pesquisa agropecuária, bem como para os agricultores e pecuaristas, é a eficiência na produção de alimentos com baixo custo econômico e ambiental. O uso racional e sustentável dos recursos naturais aliado a preservação ambiental é uma necessidade e uma demanda da sociedade. A Embrapa Cerrados e seus parceiros atuam fortemente nesse sentido, visando contribuir para a solução desses desafios por meio de sua carteira de projetos. Nesse contexto, a prestação de serviços ecossistêmicos, como a polinização, ganha uma dimensão muito significativa. A importância dos polinizadores para a agricultura e para os ambientes naturais é evidente quando consideramos que quase 90% de todas as espécies de angiospermas dependem da polinização biótica. Também é conhecido o fato de que cerca de 70% das culturas agrícolas, com uso direto para o consumo humano em todo o mundo, dependem do serviço ecológico provido pelos polinizadores para a sua produção. A importância dos insetos como prestadores desses serviços é consensual e a poliniza- ção se destaca pela sua relevância na produção de alimentos e manutenção da alta diversidade das plantas nativas. A polinização por mariposas tem um papel extremamente importante, uma vez que esses insetos são responsáveis pela reprodução sexuada de muitas espécies no mundo e no bioma Cerrado em particular. Entre as mariposas, as espécies da família Sphingidae, cuja quase totalidade das espécies realizam polinização, são de especial interesse, pois, além de visitarem um amplo espectro de plantas, são capazes de realizar deslocamentos de longas distâncias, garantindo o fluxo de pólen entre populações que de outra forma estariam isoladas, além de realizar a polinização de espécies de interesse comercial. Esta obra nasceu da necessidade de reunir informações, a maioria inéditas, sobre este importante grupo de insetos polinizadores. O livro apresenta uma descrição dos principais caracteres morfológicos externos dos adultos das espécies de Sphingidae que ocorrem no Cerrado conhecidas até o momento, bem como fotos de cada espécie descrita, sua distribuição, plantas que polinizam e sua atuação como pragas de culturas na fase de lagarta. Discorre também, embora de maneira breve, sobre a conservação dessas espécies. Entretanto, não é um trabalho sobre taxonomia clássica de Lepidoptera, uma vez que não descreve ou ilustra caracteres da morfologia interna, nem da venação das asas. Esta abordagem visa permitir a identifica- ção das espécies a olho nu, inclusive por pessoas não especialistas. Trata-se, portanto, de um guia de campo para estudantes, ecólogos e outros profissionais que utilizam este grupo como modelo para seus estudos. 

Claudio Takao Karia 

Chefe-Geral da Embrapa Cerrados


INTRODUÇÃO

O Cerrado ocupa cerca de 23% do território nacional e constitui o segundo maior bioma brasileiro em extensão. É um bioma heterogêneo, dentro do qual são reconhecidos 11 tipos principais de vegetação, sendo quatro classificados como formações florestais (Mata Ciliar, Mata de Galeria, Mata Seca e Cerradão), quatro na categoria de formações savânicas (Cerrado stricto senso, Parque de Cerrado, Palmeiral e Vereda) e três campestres (Campo Sujo, Campo Limpo e Campo Rupestre). Porém, considerando todos os subtipos de vegeta- ção que podem ser encontrados neste complexo bioma, podem ser reconhecidas 25 fitofisionomias distintas que se alternam de diferentes formas (Ribeiro; Walter, 2008). Em razão da grande concentração de espécies endêmicas e da perda acelerada de habitat, o Cerrado foi considerado um dos 25 hotspots de biodiversidade prioritários para conservação em todo o planeta (Myers et al., 2000). Além da elevada diversidade de vertebrados, também concentra uma alta riqueza de lepidópteros, o que inclui muitas espécies endêmicas (Camargo et al., 2012). Como o Cerrado é uma das principais fronteiras agrícolas do Brasil, a conversão de áreas nativas pela agricultura e pela pecuária consta entre as principais causas da perda da biodiversidade no bioma (Klink; Machado, 2005). A grande heterogeneidade ambiental possivelmente responde pela alta riqueza e endemismos de espécies do bioma. Outro fator determinante para a riqueza do Cerrado é o fato de o bioma fazer fronteira com a maioria dos grandes biomas da América do Sul. Para vários grupos, a região central do Cerrado constitui-se no limite sul para espécies Amazônicas e limite norte para espécies da Mata Atlântica. A diversidade da fauna de lepidópteros no Cerrado está relacionada com a presença de diversas fitofisionomias, as quais abrigam espécies típicas tanto de ambientes florestais quanto de ambientes savânicos e campestres, além de várias espécies exclusivas do bioma. O Cerrado, especialmente em suas áreas de contato com o ambiente xérico da Caatinga, é extremamente desfavorável para a maioria dos insetos na estação seca. Mariposas são muito suscetíveis à dessecação e grupos de espécies apresentam formas diferenciadas de passar a fase de pupa. O local e a maneira de abrigar o casulo são fatores que podem influenciar a distribuição regional de lepidópteros. Nesse contexto, por apresentarem condições climáticas mais amenas, as formações florestais, como as Matas de Galeria presentes no Cerrado, constituem uma fonte permanente de alimento e abrigo, além de servirem como uma importante via de dispersão para várias espécies de lepidópteros (Camargo; Becker, 1999; Camargo, 2001; Amorim et al., 2009). Em conjunto, tais características respondem pela elevada biodiversidade regional de Lepidoptera no bioma Cerrado (Camargo; Becker, 1999; Camargo, 2001). Entre os diversos grupos de Lepidoptera encontrados no Cerrado, as mariposas da família Sphingidae merecem destaque por sua grande importância ecológica e econômica. Muitos esfingídeos apresentam estreitas relações com as plantas das quais se alimentam na fase adulta, com especializações mútuas (Nilsson et al., 1985). Dessa forma, muitos esfingídeos são polinizadores exclusivos de várias espécies nativas do Cerrado. Por outro lado, as larvas (ou lagartas) de algumas espécies podem, ocasionalmente, em altos níveis populacionais, atuarem como importantes pragas agrícolas (Steen, 2012; Xiong et al., 2015; Tanzubil, 2015). Embora poucos estudos com levantamentos sistematizados da fauna de Sphingidae tenham sido realizados, destacando-se os de Amorim et al. (2009), Mielke e Haxaire (2013) e Braga e Diniz (2015), a diversidade de Sphingidae no bioma Cerrado é relativamente bem conhecida (Corrêa, 2017). Além de tais levantamentos, nos últimos 30 anos diversos registros de ocorrência de espécies incrementaram as informações sobre a riqueza e a distribuição dessa família de mariposas no bioma. Tais informações encontram-se disponíveis em diversas bases de dados: Coleção Entomológica da Embrapa Cerrados; Coleção Entomológica da Universidade de Brasília (DZUP, 2017; FIOCRUZ, 2017; LEPBARCODING, 2017; Kitching, 2018; SINBIOTA, 2017)


Tipo de publicação
Livro
Local da publicação
Planaltina - DF https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1100313/mariposas-polinizadoras-do-cerrado-identificacao-distribuicao-importancia-e-conservacao
Nº da edição ou volume
Editora
Embrapa Cerrados https://www.embrapa.br/biblioteca
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