Apresentação Em um momento de profundas mudanças nas leis ambientais e de valorização das práticas conservacionistas, espera-se e deseja-se que haja grande crescimento nas demandas por ações de recuperação florestal e, consequentemente, por mudas e sementes de qualidade. Hoje em dia, produzir e comercializar sementes e mudas significa desenvolver um conjunto de procedimentos utilizando-se de padrões técnicos adequados. Com a vigência da Lei Federal de Sementes e Mudas (2003) e de seus instrumentos reguladores posteriores, o setor de sementes e mudas florestais iniciou um processo de qualificação e de padronização nos métodos de produção, comercialização e fiscalização. Esta publicação, produzida pelo Instituto Refloresta (antigo Ecoar Florestal) e seus parceiros, oferece informações fundamentais sobre germinação, trazendo uma grande contribuição aos profissionais que atuam na área florestal – viveiristas, produtores de sementes, técnicos e estudantes. Acreditamos que será uma facilitadora da atividade de produção do setor, pelo rigor das informações contidas e pela simplicidade com que são transmitidas, sendo, desde já, fonte de inspiração para a produção de outros materiais do gênero. João Carlos Seiki Nagamura secretário executivo do Instituto Refloresta
Introdução Este manual apresenta técnicas para tratamentos pré-germinativos de sementes florestais nativas que apresentam dormência ou germinação desuniforme. Ele traz informações sobre cem espécies de árvores que ocorrem em formações vegetais do estado de São Paulo: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional Decidual, Floresta Estacional Semidecidual e Cerrado. São abordados apenas métodos físicos e mecânicos que podem ser realizados nas situações encontradas comumente em viveiros. A publicação é o resultado final de um projeto financiado pelo Fundo Estadual de Recursos Hídricos (Fehidro), instância econômico-financeira do Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SIGRH), por meio do Comitê da Bacia Hidrográfica dos Rios Sorocaba e Médio Tietê. Cumpre um papel importante ao difundir, em linguagem de fácil compreensão, informações técnicas que facilitarão o trabalho dos viveiristas, contribuindo para a qualidade e a diversidade de espécies em ações de restauração florestal. O projeto foi realizado em etapas. Primeiramente um levantamento bibliográfico organizou o conhecimento disperso em materiais acadêmicos e de Pesquisa científica do Instituto Florestal do Estado de São Paulo pesquisa que pudesse ser replicado em situações de viveiro. A partir daí, iniciou-se a segunda etapa, de pesquisa aplicada, com objetivo de gerar informações sobre germinação de espécies ainda não estudadas ou cuja técnica de germinação disponível apresentasse restrição para replicação em viveiros, como aquela em que se utiliza ácido sulfúrico. Estabelecida uma lista de espécies-alvo, coletaram-se sementes em fragmentos florestais na região de Porto Feliz, utilizando-se da estrutura do Instituto Refloresta e do apoio da prefeitura local. Igualmente buscaram-se sementes em fragmentos nos municípios de Capão Bonito e Guapiara, tendo o apoio da Rede Comunitária de Sementes coordenada pelo Instituto Refloresta. As sementes foram beneficiadas e enviadas a algum dos laboratórios parceiros: da Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp – campus de Botucatu –, sob coordenação do Prof. Dr. Edson Seizo Mori, e do Núcleo de Estudos Ambientais da Uniso, em Sorocaba, sob coordenação do Prof. Dr. Nobel Penteado Freitas. O trabalho contou com a parceria da Prof. Dra. Fátima C. M. Piña-Rodrigues, da UFSCar - campus de Sorocaba. As dificuldades encontradas no desenvolvimento desse tipo de pesquisa revelam que há ainda um longo caminho a ser trilhado para se gerar informações consistentes que permitam que mais espécies possam integrar plantios de restauração ciliar a partir da produção de mudas. Mas os resultados positivos encorajam a continuidade das investigações. Além das fichas das sementes, o manual contém textos didáticos sobre as formações florestais no estado, a importância do uso das espécies regionais nos projetos de restauração, o conceito de dormência e as formas de superá-la. Um pequeno glossário ao final facilita o entendimento das informações contidas nas fichas. |