DIAGNÓSTICO do Macrozoneamento Ecológico-Econômico da Bacia Hidrográfica do Rio SÃO FRANCISCO Introdução A extensa área de abrangência da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco permite grande diversidade de ambientes tornando-a extremamente heterogênea. Ela abriga alguns dos biomas mais importantes do ponto de vista ecológico do País: a Caatinga, o Cerrado e a Mata Atlântica (esses dois últimos também os mais degradados e explorados), além de áreas de ecótono entre a Caatinga, o Cerrado (10,97% da bacia) e os biomas costeiros (0,42%). Considerando essa grande diversidade de paisagem, a BHSF permite a existência de grande diversidade de mamíferos. Estudos revelam um mínimo de 148 espécies de mamíferos registrados no bioma Caatinga (OLIVEIRA, 2004), incluindo 6% das espécies ameaçadas do País (COSTA et al., 2005). Já o Cerrado é considerado um dos 25 centros de biodiversidade do mundo, áreas essas consideradas críticas para a conservação, devido à riqueza biológica e à alta pressão antrópica a que vêm sendo submetidas (MYERS et al.; KLINK e MACHADO, 2005). As espécies de mamíferos com ocorrência no Cerrado totalizam 199 (FONSECA et al., 1999; MARINHO FILHO, 2002), incluindo 12% das espécies ameaçadas do País (COSTA et al., 2005). A Mata Atlântica apresenta altos índices de biodiversidade e de endemismo, abrigando 18% das espécies de mamíferos ameaçadas do País (COSTA et al., 2005). Apesar da devastação acentuada, a Mata Atlântica ainda possui uma parcela significativa de diversidade biológica do Brasil, com altíssimos níveis de endemismo. Apesar de os mamíferos desse bioma somarem 250 espécies, poucas localidades foram inventariadas de modo satisfatório, havendo consideráveis lacunas no conhecimento taxonômico e biogeográfico da maioria dos gêneros e das espécies, de forma que novas espécies e novas localidades de ocorrência sejam registradas a cada novo estudo. Os mamíferos são importantes fontes econômicas para os humanos. Muitos têm sido domesticados para proporcionar produtos como carne e leite e outros são mantidos como animais de estimação ou utilizados no auxílio de trabalhos diversos (CLUTTON-BROCK, 2002). Para o ecossistema em que o homem está incluído, eles têm importante papel na manutenção e na regeneração da fauna e da flora, pois apresentam funções vitais e são chaves na estruturação das comunidades biológicas, assim como na dispersão de sementes, polinização e frugivoria (EMMONS, 1997). Qualquer modificação na distribuição dos recursos naturais, especialmente alimentares, utilizados pelos mamíferos, desequilibra toda a cadeia de atividades importantes para o equilíbrio desse ecossistema (FONSECA e ROBINSON, 1990; CROOKS e SOULÉ, 1999). Por seu valor ecológico, a conservação de espécies nesse grupo é de extrema relevância (MECH, 1996). No entanto, é necessária a manutenção de grandes áreas contínuas que assegurem a preservação das demais espécies (COMISKEY et al., 2002) e assim, possibilitem a coexistência de muitos outros táxons (MECH, 1996). O Rio São Francisco, por abrigar importantes biomas através de subsídios às formações vegetais do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste brasileiros, e gerar condições à manutenção de um importante grupo faunístico, tem sua importância elevada e necessita de ações urgentes para a conservação em todo o seu trajeto. Assim, este capítulo apresenta informações recentes sobre o status do grupo de mamíferos e as necessidades à sua conservação, em toda a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. |