A Caatinga abrange uma área de cerca de 735.000 km² e compreende a maior parte do Nordeste brasileiro, estendendo-se até o vale seco da região média do rio Jequitinhonha, no estado de Minas Gerais. É considerada como uma das maiores áreas de Florestas Neotropicais Estacionais Secas da América do Sul e a ausência de chuva na estação seca caracteriza a região. A média pluviométrica anual é baixa com algumas regiões centrais recebendo menos que 500 mm e a precipitação concentra-se em três meses consecutivos. Sua vegetação é composta por formações arbórea e arbustiva, que apresentam espinhos, folhas pequenas e outras adaptações para evitar a perda de água e/ou retê-la em seus tecidos. A diversidade, a riqueza de espécies e o número de endemismos da Caatinga foram, por muito tempo, considerados baixos. Entretanto, pesquisas recentes relataram números expressivos e acabaram com o “mito” da baixa biodiversidade na região. Acredita-se, ainda, que pode haver um aumento no número de espécies conhecidas, visto que cerca de 40% da região nunca foi estudada e 80% do que já foi amostrado apresenta um esforço pouco representativo. A Caatinga tem sido apontada como uma importante área de endemismo para as aves sul-americanas, porém a distribuição, a evolução e a ecologia da avifauna da região continuam pouco investigadas, refletindo, consequentemente, na política e ações de conservação. Existem 510 espécies de aves que habitam as caatingas e 23 espécies que podem ser caracterizadas como endêmicas, considerando as matas secas e outras formações decíduas, como as florestas estacionais das áreas de contato, destacando-se os gêneros Cyanopsitta, Anopetia, Gyalophylax, Megaxenops e Rhopornis (Mapa 1). A avifauna da Caatinga não é um elemento isolado, mas sim uma das inúmeras partes que compõem este suscetível e diverso mosaico biológico que se relaciona entre si, com o homem e com o ambiente. É responsabilidade do Governo Brasileiro, por intermédio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), desenvolver estratégias para conhecer e proteger esta riqueza, além de recuperar aquelas ameaçadas de extinção, por meio de medidas como a elaboração e execução de planos de ação, conforme estabelecido pela Portaria ICMBio nº 78/2009 e pela Portaria Conjunta MMA e ICMBio nº 316/2009. Deste modo, o Plano de Ação Nacional para a conservação das Aves da Caatinga ameaçadas de extinção (PAN Aves da Caatinga) é um marco na conservação da avifauna deste bioma, pois estabelece metas e ações prioritárias que visam minimizar as ameaças às comunidades de aves da Caatinga. |