A partir de 2001, quando o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), implementou o Programa de Conservação da Arara-azul-de-lear, importantes conquistas foram alcançadas. As pesquisas em campo, o combate ao tráfico e o envolvimento da sociedade foram ampliados e consolidados. O uso consciente da palmeira licuri – principal alimento das araras – entrou na pauta de discussões com as comunidades carentes da região, assim como o problema dos ataques aos milharais pelas araras, resultando em projetos de artesanato sustentáveis e no ressarcimento das perdas de milharais por parceiros do Programa de Conservação. Tais ações se consolidaram no Plano de Manejo para a Conservação da Arara-azul-de-lear, publicado em 2006. Naquele ano a espécie tinha o seu estado de conservação avaliado como Criticamente em Perigo (CR) pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). O crescimento populacional evidenciado nos anos que se seguiram permitiu baixar uma categoria na avaliação do seu estado de conservação, sendo a arara-azul-de-lear enquadrada como Em Perigo (EN) em 2009. A primeira edição do Plano de Manejo foi alvo de monitoria, em julho de 2010, pelo CEMAVE, contemplando uma análise criteriosa das ações realizadas a qual demonstrou a necessidade de revisão do referido Plano. Em outubro do mesmo ano o CEMAVE realizou uma oficina para análise da viabilidade populacional da espécie, a qual confirmou o indicativo de crescimento populacional e apontou como principal limitante a capacidade suporte do ambiente, traduzida na disponibilidade de cavidades para nidificação, dormitórios e disponibilidade de alimento, dentre outros. Verificou-se que as ameaças e as oportunidades relacionadas à espécie são dinâmicas, de forma que as estratégias de conservação foram readequadas e priorizadas para que haja continuidade dos esforços para a recuperação da arara-azul-de-lear e do seu hábitat, e que estes esforços se traduzam na melhoria das condições populacionais e ambientais para a espécie. Na presente atualização do Plano são também incorporadas estratégias de conservação para a palmeira licuri, de acordo com as diretrizes elaboradas em uma reunião realizada em 2008. Diante de resultados tão animadores, baseados em um esforço coletivo, interinstitucional, com dedicação e planejamento pelos seus executores e coordenadores, é com grande satisfação que torno pública a 2ª edição do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Arara-azul-de-lear. ROBERTO RICARDO VIZENTIN Presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade |