Princípios do monitoramento
Como monitorar a biodiversidade? O monitoramento da biodiversidade realizado a partir de levantamentos em campo (in situ) fornece a base de informações biológicas necessária para subsidiar a gestão e a proposição de medidas adequadas para a conservação dos ambientes monitorados. As informações obtidas nesses programas são úteis em múltiplas escalas, auxiliando tanto a gestão de uma pequena unidade de conservação (perspectiva local), como orientando um conjunto específico de áreas protegidas (perspectiva regional) ou ainda subsidiando a formulação das políticas e metas nacionais de conservação (perspectivas nacional/global). Quando bem conduzido, o monitoramento in situ da biodiversidade produz um conjunto de dados capaz de refletir o panorama de conservação encontrado nas áreas onde é aplicado, dando indicações importantes sobre os impactos incidentes na biota, provenientes tanto de ameaças humanas diretas, como resultantes de dinâmicas climáticas complexas de longo prazo. Sob essas duas perspectivas – a crescente pressão antrópica sobre os ecossistemas naturais e os efeitos adversos emergentes das mudanças climáticas – os programas de monitoramentos integrando indicadores de biodiversidade e clima são fontes importantíssimas de informações para tomada de decisão e para a definição de ações voltadas a conservação dos ambientes e dos recursos naturais. Existem diversas iniciativas de monitoramento da biodiversidade difundidas ao redor do mundo. De forma geral, cada uma atua numa escala própria, com um rol específico de indicadores, e está adaptada ao contexto local, regional ou global. Basta lembrar que temos iniciativas de monitoramento tanto na floresta amazônica, quanto nas regiões polares, bem como, em regiões úmidas ou áridas. A despeito dessas notáveis distinções, a maioria dessas iniciativas tem elos em comum. Sejam realizadas em áreas verdes urbanas – promovidas por moradores de um bairro – ou em reuniões com grandes líderes globais, muitos dos seus objetivos são convergentes, uma vez que medem o estado da biodiversidade ao longo do tempo. Para monitorar a biodiversidade em uma dada localidade, inicialmente são selecionados os indicadores biológicos mais adequados aos objetivos do monitoramento. São também definidas suas métricas, ou seja, quais variáveis serão medidas a partir desses indicadores. Para isso, devem ser empregados métodos eficientes: acurados, mas de baixo custo operacional e logístico. Outra necessidade fundamental nos monitoramentos de biodiversidade é o acúmulo de informações ao longo do tempo. Com um volume representativo de dados de biodiversidade, inferências mais seguras podem ser feitas. As unidades de conservação (UC) são áreas chave para a conservação da natureza em diversas escalas e perspectivas. Entre outros elementos da biodiversidade, essas áreas protegem habitats, espécies, processos ecológicos e serviços ecossistêmicos. Considerando a sua importância estratégica, o monitoramento de sua biodiversidade constitui uma atividade essencial para a gestão desses espaços. Este roteiro metodológico apresenta os protocolos definidos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio para o Programa de Monitoramento in situ da Biodiversidade nas unidades de conservação federais, incluindo os procedimentos para a amostragem dos grupos de indicadores biológicos. Trata-se de um passo a passo, contendo as principais orientações para a implantação e a coleta das informações conforme as diretrizes desse programa. É importante ressaltar que todo o processo de elaboração do roteiro levou em conta, além do rigor científico e metodológico, a facilidade de aplicação em ampla escala e o baixo custo operacional. |