EDITORIAL
O Boletim de Pesquisa do PNI Nº15-―Análise Geoecológica dos Incêndios Florestais no Parque Nacional do Itatiaia‖ é um trabalho do Analista Ambiental Gustavo W. Tomzhinski, do seu orientador Prof./Dr.Manoel do Couto Fernandes e de Kátia Torres Ribeiro. A pesquisa em tela foi apresentada em 2012 ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do Grau de Mestre em Ciências: Geografia. O pesquisador dissecou uma área de estudo que definiu como o polígono abrangendo o PNI e seu entorno de 3 km. Essa área totaliza 57.924 ha. Gustavo relata o registro de 453 incêndios e ressalta os mais relevantes, nos anos: 1937, 1951, 1963, 1988, 1989, 2001, 2007, 2008, 2010 e 2011 e concluiu com os métodos utilizados para detecção de incêndios, regime de fogo, mapeamento geográfico da suscetibilidade e ocorrência de incêndios e outros questionamentos e conclusões. As 143 referências bibliográficas utilizada pelo autor têm pontos de referências dos Boletins de Pesquisa do PNI criado por Wanderbilt Duarte de Barros (1916-1997) em 1949. O Engenheiro Agrônomo Tomzhinski utilizou os Boletins Números 4, 5, 6 e 10, publicados respectivamente em 1955, 1956, 1957 e 2012. Levantando o passado do PARNA ITATIAIA, Gustavo consegue chegar ao presente através de mapas, gráficos e uma dissertação leve e prazerosa de um dos seus piores problemas que é o incêndio florestal e liga o futuro para que as novas gerações tenham perspectivas de usufruírem um modelo de integração sócio-ambiental livre de qualquer tipo de agressão a sua biótica e beleza natural. LÉO NASCIMENTO. COORDENADOR DE PESQUISA DO PNI.
RESUMO O fogo é importante elemento modificador da paisagem. Muitas vezes os incêndios florestais têm potencial devastador constituindo ameaça à biodiversidade. O Parque Nacional do Itatiaia (PNI) é uma unidade de conservação de significância histórica e ecológica, abrigando importantes remanescentes do Bioma Mata Atlântica. A Área de Estudo (AE) foi definida abrangendo o PNI e seu entorno em uma faixa de 3 km. Este trabalho tem o objetivo de ampliar o conhecimento da questão dos incêndios através de uma análise geoecológica na qual se busca estabelecer relacionamentos quantitativos e qualitativos entre os elementos da paisagem, incluindo a ação do homem sobre ela. A maior quantidade de incêndios na AE ocorre normalmente no mês de agosto, no entanto a maior concentração de área queimada é registrada para o mês de setembro, quando a precipitação acumulada atinge níveis mais baixos. O maior número de incêndios foi registrado fora dos limites do PNI, mas as maiores áreas atingidas ocorrem dentro, possivelmente devido às extensas áreas contínuas de formações campestres. Verificou-se que 58% das áreas atingidas pelos incêndios apresentam declividade alta, 51% forma convexa (alta), 73% alta incidência de radiação solar, 92% alta combustibilidade e 78% estão localizadas acima de 2.000 m de altitude. A análise da precipitação mostrou a relação inversa dos incêndios com a precipitação antecedente, especialmente nos anos dos maiores incêndios, quando essas condições foram muito abaixo da média. Foram avaliados indicadores de curto e médio prazo de precipitação acumulada, concluindo-se que estes devem ser utilizados em conjunto para o diagnóstico de condições críticas para a ocorrência de incêndios. Na análise espacial das principais variáveis ligadas ao risco à ignição, foi verificado que 73% dos incêndios estão a menos de 15 m de vias de transporte, edificações ou propriedades particulares dentro do PNI e que 93% das ocorrências dentro do Parque estão total ou parcialmente inseridos nessas propriedades. Um mapa de suscetibilidade a ocorrência de incêndios florestais foi gerado para a área de estudo utilizando-se o método analítico-integrativo com as seguintes variáveis geoecológicas: combustibilidade, incidência de radiação solar, forma do relevo e declividade. O cruzamento das informações dos incêndios com esse mapa mostrou que 94% das áreas atingidas por eles foram classificadas como de alta suscetibilidade, o que aponta para a eficácia do método para a identificação de áreas com condições favoráveis à ocorrência desse fenômeno. A metodologia e os resultados encontrados constituem significativo subsídio para a modelagem do conhecimento relacionado à avaliação de cenários para a ocorrência de incêndios.
Palavras-chave: CARTOGRAFIA GEOECOLÓGICA, GEOPROCESSAMENTO, REGIME DE FOGO, UNIDADES DE CONSERVAÇÃO.
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