Midiateca

Convivendo com o Fogo— Manutenção dos Ecossistemas & Subsistência com o Manejo Integrado do Fogo

Autores

Ronald L. Myers

Ano de Publicação
2006
Categoria
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Descrição

Iniciativa Global para o Manejo do Fogo - Junho 2006

web site: http://nature.org/fire, http://tncfuego.org

Síntese

A percepção do fogo como ferramenta útil surgiu com os primeiros humanos quando estes, há milhares de anos, passaram a se beneficiar dos efeitos do fogo para alterar a vegetação e a vida selvagem nas savanas africanas. É muito provável que a ameaça, representada pelo fogo, à segurança e à subsistência desses povos já lhes fosse óbvia, de modo que, à medida que a humanidade foi se espalhando pelo planeta, novos regimes de fogo foram criados, os quais moldavam e modificavam sucessivamente a paisagem. Há também os incêndios que destroem as casas, as lavouras, os animais e os outros recursos. Portanto, “as duas faces do fogo” — o fogo benéfico e o fogo maléfico — sempre existiram. Durante o século XX, o fogo passou a ser visto como uma ameaça à população e aos recursos naturais, e muitos países desenvolveram programas sofisticados de prevenção ao fogo e criaram organizações de supressão ao fogo para proteger a população e os recursos naturais. Algumas dessas medidas foram tão eficazes e determinantes na prevenção e na supressão dos incêndios que a sociedade perdeu a noção da utilidade do fogo como ferramenta importante para o processo de modelagem da paisagem. O resultado foi o grande acúmulo de combustível modificando a vegetação e desta forma tornando-se mais propensa a incêndios mais intensos durante os anos atipicamente secos, associado com a perda de espécies que evoluíram em paisagens mais abertas que queimavam com mais freqüência e com menor intensidade. Para agravar ainda mais esse cenário, um contingente cada vez maior de pessoas vem há anos construindo suas casas em áreas onde o programa de supressão tem evitado o fogo por muito tempo, e a vegetação continuou a crescer e acumular. O resultado global, desta “bem-sucedida” exclusão do fogo, são as incidências de incêndios cada vez mais danosos à vegetação, ao solo e às bacias hidrográficas, que geram um custo econômico cada vez maior com a perda de propriedades e com o combate a esses incêndios. Em muitas partes do mundo, as pessoas continuam a utilizar o fogo da forma tradicional, mas as pressões impostas pela sociedade vêm causando mudanças no uso da terra, migração para novas áreas e aumento das fontes de ignição em todo o mundo. Para as vegetações propensas ao fogo, como as savanas e as florestas, que atualmente queimam anualmente resultando na diminuição da densidade de árvores. Nas áreas florestais há a expansão das áreas de savanas antropogênicas e de pastos em detrimento das florestas, mesmo em ambientes em que o fogo era um evento historicamente raro.  O fogo tornou-se um tema de conservação, pois muitas áreas do planeta denominadas ecossistemas dependentes do fogo, dependem do fogo para preservar as espécies nativas, os habitats e a paisagem. Contudo existem também outras áreas, estas chamadas de ecossistemas sensíveis ao fogo, onde o fogo pode levar à destruição ou à extinção de espécies nativas e à destruição de seus habitats. De fato, o fogo pode afetar de maneira tanto negativa quanto positiva, os benefícios proporcionados pelos ecossistemas, tais como ar limpo, água limpa e solos saudáveis e produtivos, dependendo da adaptação de cada espécie e, de outras características do meio ambiente, além da freqüência e intensidade da queima de uma determinada área. Uma nova ciência, ecologia do fogo, está começando a esclarecer sobre esses fatos. Todavia, o papel exercido pelo fogo em muitos ecossistemas em todo o mundo continua sendo pouco compreendido pela comunidade científica, e geralmente ignorado por quase toda a sociedade. Nos locais onde os benefícios do fogo são reconhecidos, o regime de fogo ecologicamente apropriado pode ser desconhecido.  O fato de o fogo ter duas faces — as funções benéficas e os impactos maléficos, dependendo das circunstâncias —, tem sido, em grande parte, ignorado pelas sociedades e pelos governos que buscam e desenvolvem tecnologias cada vez mais sofisticadas de supressão do fogo e campanhas de prevenção contra o fogo. As conseqüências indesejáveis da exclusão do fogo em algumas paisagens e o fato dessa exclusão resultar em custos elevados e retornos bem mais modestos passaram a ser reconhecidos por alguns governos nestes últimos quinze anos. Os governos e  as sociedades urbanas também não reconhecem ou compreendem a necessidade do uso do fogo por diversas comunidades rurais. As políticas e os programas foram criados com base na premissa de que a população rural é a causa dos problemas do fogo. No entanto, essas políticas deveriam olhar para as comunidades rurais como parte da solução, oferecendo-lhes incentivos e tecnologias que possam ser agregados ao conhecimento tradicional do uso do fogo, e desta forma manejar o fogo de uma maneira mais eficaz, tanto com as queimadas que são necessárias quanto as que acontecem naturalmente. O manejo do fogo refere-se ao espectro de decisões técnicas e ações disponíveis para evitar, preservar, controlar ou utilizar o fogo em uma determinada paisagem. A premissa básica deste documento é que as tecnologias mais sofisticadas de manejo do fogo dificilmente solucionarão os problemas dos incêndios destrutivos e nem serão eficazes em restabelecer os regimes de fogo ecologicamente apropriados em locais onde as queimadas são necessárias. Para manejar as queimadas, é inevitável que haja a integração de realidades socioculturais e as necessidades ecológicas com abordagens tecnológicas. Este documento expõe uma estrutura que denominamos Manejo Integrado do Fogo, que considera as abordagens ecológica e socialmente apropriadas para manejar o fogo e as ameaças do fogo relacionados à conservação de terras.



Tipo de publicação
Outros
Local da publicação
Tallahassee, FL, USA - http://www.conservationgateway.org/Files/Pages/convivendo-com-o-fogo%E2%80%94man.aspx
Nº da edição ou volume
Editora
The Nature Conservancy - https://www.tnc.org.br/
Link