Introdução ao tema Do isolamento à sinergia com as forças sociais do território
Uma década e meia após a instituição do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação é grande a expectativa de que a sua implementação consiga
atender às metas da Convenção de Diversidade Biológica para a conservação
de pelo menos 10% de todos os biomas brasileiros. Verifica-se, no entanto,
uma defasagem entre essas expectativas e a realidade do Snuc, que embora
tenha conseguido duplicar o número de áreas protegidas entre 2003 e 2010
não tem recebido os recursos correspondentes para consolidar o conjunto
de áreas protegidas.
Tal realidade tem colocado em risco esse patrimônio ambiental brasileiro
conquistado a duras penas e chamado atenção de órgãos como o Tribunal de
Contas da União. Reconhecendo a importância desse patrimônio, inclusive
em termos econômicos, e no intuito de proteger as conquistas dos últimos
anos, este órgão estudou a efetividade da gestão das UCs amazônicas em
termos de articulação, comunicação e cooperação2. Suas recomendações à
luz do estudo realizado apontam para um amplo esforço dos órgãos públicos
em tornar a conservação da biodiversidade assunto de todos – inclusive na
alocação de recursos.
Enquanto essa aspiração não se concretiza, as unidades de conservação
buscam articular-se no território em torno de parcerias que lhes permitam
visibilidade, reconhecimento e conquista de recursos para tornar viáveis
seus projetos. As experiências registradas neste caderno revelam que as
mais bem sucedidas neste intento são aquelas que conseguem tecer uma
ampla rede de relações no território, especialmente quando articuladas em
mosaicos e corredores ecológicos, envolvendo nesses esforços a população
residente e do entorno, entidades da sociedade civil de diferentes portes,
ONGs e organismos internacionais, além de empresas e órgãos públicos das
três instâncias federativas.
Diversas das ações empreendidas por essas UCs referem-se justamente
à comunicação e à educação ambiental. Torna-se cada vez mais evidente
para as equipes gestoras das UCs que os investimentos em comunicação e
educação ambiental, especialmente quando realizados em parceria com as
2. O relatório de
auditoria operacional:
governança das
unidades de
conservação do
bioma Amazônia
está disponível em:
Acesso em maio
de 2015.
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populações locais, por meio de ações de educomunicação – trazem como
resultados a adesão da sociedade às causas ambientais, sobretudo quando
estão relacionadas à melhoria da qualidade de vida e a ganhos socioeconômicos para essas populações.
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