O rio XIngu, cujo significado na língua Kamayurá significa "água boa", "água limpa", é um dos maiores rios de águas claras da Bacia Amazônica. Formado pela confluência dos rios Culuene e Sete de Setembro, tem suas nascentes na Serra do Roncador, estado de Mato Grosso, e extensão de 1.870 km até sua foz no rio Amazonas. A bacia do Xíngu possui cerca de 20 Terras Indígenas e algumas unidades de conservação de significativa importância para a conservação da biodiversidade que funcionam como um grande corredor ecológico para a fauna e flora. Por estar localizada em uma região de transição entre terras mais altas do escudo brasileiro e a planície amazônica, a bacia do rio Xingu possui uma grande diversidade de espécies, incluindo animais comuns a diferentes biomas, como o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e o tatu-canastra (Priodontes maximus), além das espécies restritas ao centro de endemismo do Xingu, como o cuxiú-de-Uta-Hick (Chiropotes utahickae). Além do gradiente de espécies que ocorrem no eixo norte-sul da bacia, o rio Xingu, em seu trecho inferior, funciona como um divisor e limitador para a distribuição de algumas espécies de vertebrados terrestres do mesmo gênero, da mesma forma que as cachoeiras de seu trecho médio servem de divisor para espécies de peixes acaris (Loricariidae). A riqueza da região é surpreendente, com números de espécies de peixes, aves e mamíferos superiores aos que podem ser encontrados em toda a Europa. |