A região Neotropical teve uma evolução singular ao longo de sua formação. Praticamente, do Cretáceo ao final do Terciário, a região ficou completamente isolada por dezenas
de milhões de anos, sendo substancialmente transformada com a elevação dos Andes, que
se iniciou a cerca de 23 milhões de anos. A elevação dos Andes teve também como conseqüência uma mudança no padrão de deposição de sedimentos marinhos na interface entre
os oceanos Atlântico e Pacífico, que resultou na formação da América Central a cerca
de 3 milhões de anos. Com o estabelecimento de uma conexão terrestre entre a Região
Neotropical e a Região Neártica, ocorreu uma alteração significativa da fauna neotropical,
especialmente de grupos mais recentes como os mamíferos (BURNHAM; GRAHAM,
1999). Finalmente, as flutuações climáticas do Quaternário (AB’ SABER 1977, BUSH;
OLIVEIRA, 2006), quando ao longo de milhares de anos ocorreram alternâncias entre
períodos mais frios e secos e períodos mais quentes e úmidos, deram à região Neotropical
as características encontradas pelos homens que aqui chegaram há 15.000 ou 40.000 anos
(SANTOS et al., 2003). A expansão e/ou retração de biomas, nos períodos glaciais e interglaciais do Quaternário, resultaram em novas oportunidades de especiação. O processo
lento e gradual de formação da região está, intrinsecamente, relacionado com os elevadíssimos índices de diversidade de espécies hoje encontrados em países como Brasil, Colômbia
Peru e Equador, considerados como megadiversos.
No passado geológico o aquecimento e o resfriamento do planeta se deram de forma
gradativa no decorrer de milhares de anos, dando tempo para que ao longo de centenas de
gerações de plantas e animais os mecanismos do processo evolutivo atuassem. O homem,
entretanto, modificou completamente este cenário.
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