Introdução O fogo é responsável, há milhões de anos, por moldar ecossistemas savanicos (PAUSAS & KEELEY 2009, SIMON et al. 2009, BOND 2005). No Cerrado, além do fogo de origem natural, há diversas formas tradicionais do uso do fogo, tanto para fins de manejo da vegetação natural como para fins produtivos (MISTRY, 1998; MISTRY et al., 2005; SCHMIDT et al 2007; SCHMIDT et al 2011; FALLEIRO, 2011; MELO e SAITO, 2011). As práticas tradicionais de uso do fogo têm papel central na manutenção da heterogeneidade espacial e de importantes processos ecológicos, como demonstrado para savanas na África (Brockett et al., 2001; Laris, 2002) e na Austrália (RUSSELL-SMITH et al., 1997; BIRD et al., 2008). Atualmente, a política do ‘Fogo Zero’ prevalece em Unidades de Conservação (UC) no Cerrado (RAMOS-NETO e PIVELLO 2000). No entanto, esta estratégia de tentar evitar, combater e extinguir todo e qualquer fogo é contraditória à história evolutiva dos ecossistemas do Cerrado. Além disto, a proibição de uso do fogo como ferramenta produtiva e de manejo da paisagem gera conflitos entre a gestão das UC e comunidades locais. Nesse contexto, pesquisas científicas podem influenciar os modelos de gestão de áreas protegidas em ecossistemas savânicos, auxiliando o reconhecimento dos usos do fogo como ferramenta de manejo, por exemplo, utilização estratégica do fogo na contenção de propagação de incêndios e manutenção da paisagem (MYERS, 2006).
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