Gerson Buss1, Marcos de Souza Fialho1, Leandro Jerusalinsky1, Renata Bocorny de Azevedo1, Sandro Leonardo Alves2, Marcelo Derzi Vidal3 & Eloisa Neves Mendonça4 |
RESUMO – A Área de Endemismo Belém apresenta apenas cerca de 30% de sua cobertura florestalprimitiva, e os seus remanescentes florestais estão fortemente impactados pelo desmatamento. A Reserva Biológica do Gurupi, localizada no Maranhão, com aproximadamente 270 mil hectares, é a única unidade de conservação federal de proteção integral na Área de Endemismo Belém a abrigar populações de Cebus kaapori (caiarara-ka’apor) e Chiropotes satanas (cuxiú-preto), espécies criticamente ameaçadas de extinção. Em 1992, foi feito o primeiro levantamento da abundância de primatas nessa unidade de conservação e, após 21 anos, este estudo buscou fornecer dados atuais sobre a abundância desses primatas por meio da aplicação dos mesmos métodos. Para estimar a abundância das populações das espécies de primatas presentes na Reserva Biológica do Gurupi, foi utilizado o método de transecção linear. As amostragens foram realizadas em uma rede de trilhas situadas em três diferentes regiões da unidade. Entre 9 e 16 de outubro de 2013, foram percorridos 320km, e obtidos 101 avistamentos de cinco das sete espécies presentes na Reserva. As espécies Saimiri collinsi e Aotus infulatus não foram visualizadas. O sagui-una (Saguinus ursulus), com 1 grupo/10km, foi a espécie mais frequente, seguida do macaco-prego (Sapajus apella), com 0,91 grupos/10km, e do guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul), com 0,72 grupos/10km. As espécies criticamente ameaçadas – o caiarara (Cebus kaapori) e o cuxiú-preto (Chiropotes satanas) – também foram registradas, mas com taxas de encontro mais baixas, de 0,25 e 0,28 grupos/10km, espectivamente. Esses resultados são similares aos do inventário de 1992. Contudo, a taxa de encontro para Cebus kaapori foi maior neste estudo. Apesar de ser uma unidade de conservação, a Reserva Biológica do Gurupi ainda sofre uma série de ameaças, como a caça de animais silvestres, a exploração ilegal de madeira, o desmatamento e as queimadas. Essas ameaças colocam em risco a conservação dos primatas, sobretudo as mencionadas espécies criticamente ameaçadas de extinção. Palavras-chave: Arco do desmatamento; Área de Endemismo Belém; conservação de primatas; transecção linear; Amazônia. |