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BIOLOGIA E CONSERVAÇÃO DE Chaceon ramosae (DECAPODA: GERYONIDAE), Bathynomus giganteus E B. miyarei (ISOPODA: CIROLANIDAE) NO TALUDE CONTINENTAL DO SUDESTE E SUL DO BRASIL - Tese e Doutorado pela UFRGS

Autores

HARRY BOOS JUNIOR

Ano de Publicação
2017
Categoria
PESQUISA AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DA BIODIVERSIDADE
Descrição

Este estudo teve por objetivo compreender aspectos da biologia e distribuição dos crustáceos marinhos de profundidade: Chaceon ramosae para analisar parte de seu ordenamento pesqueiro, Bathynomus giganteus e B. miyarei para avaliar seu risco de extinção. Para isso, foram realizados 5 cruzeiros de pesquisa em 2009 (inverno, primavera) e 2010 (verão, outono, inverno) a bordo do NPq. Soloncy Moura/CEPSUL, totalizando 32 lances de armadilhas circulares (covos) com linhas madres com 4 unidades, com 265 horas de esforço amostral. As estações de coleta foram distribuídas ao longo do talude continental entre 400 a 1000 m de profundidade, na área compreendida entre 26° e 29° S. A maior CPUE de C. ramosae foi registrada ao sul do Cabo de Santa Marta Grande (29°19’S), sendo observada para C. ramosae, B. miyarei e B. giganteus a tendência de animais maiores e maduros sexualmente em regiões menos profundas. A profundidade é a variável ambiental que mais influencia a distribuição das diferentes categorias (machos, fêmeas, imaturos) destes animais. Ocorre estratificação batimétrica entre B. giganteus, dominante entre 600 e 1000 m, e B. miyarei, maioria entre 400 e 600 m de profundidade. A maturidade sexual de C. ramosae foi estimada em 140 mm para os machos e 120 mm para as fêmeas. Para B. giganteus foi estimada para os machos em 340-345 mm e para as fêmeas entre 280-290 mm, acontecendo, em média, por volta do 2.o ano de vida. Já para os machos da espécie B. miyarei foi estimada a maturidade para a classe de 225-230 mm, com idade de aproximadamente 3 anos. Os machos, tanto de C. ramosae como de Bathynomus spp., atingem a maturidade sexual antes que as fêmeas, sendo o tamanho médio de B. giganteus superior ao de B. miyarei em todos os grupos etários. As fêmeas ovígeras de C. ramosae foram capturadas somente no outono e inverno, o que indica um padrão reprodutivo sazonal na região. Em B. giganteus é provável que a reprodução ocorra durante todo o ano. A longevidade dos machos de B. giganteus foi estimada em aproximadamente 6 anos e das fêmeas em 7,7 anos. A longevidade de B. miyarei foi estimada em 9 anos para os machos e 6 anos para as fêmeas. Embora ocorram na mesma região, tanto latitudinal como batimétrica, C. ramosae e Bathynomus spp., possuem  características biológicas distintas que determinam seu modo de vida e influenciam suas estratégias reprodutivas. Nossos resultados confirmam a necessidade da proibição da captura de C. ramosae em áreas com profundidade inferior à 500 m. Na avaliação do risco de extinção de B. miyarei e B. giganteus, só foi possível estimar as mortes provocadas pela frota de emalhe de fundo dirigida ao peixe-sapo sediada em Santa Catarina, entre 2000 e 2015, responsável por mais de 200 mil B. miyarei mortos. Pela falta de informações que permitam estimar adequadamente os impactos causados pelas pescarias de profundidade sobre a população de B. miyarei, a espéce foi categorizada como “Dados Insuficientes” (DD). Já B. giganteus, que possui maior distribuição latitudinal e batimétrica, foi considerada como “Menos Preocupante” (LC). Embora sofram ameaças diretas, tanto da captura como espécie-alvo ou como bycatch, C. ramosae, B. miyarei e B. giganteus, e as demais espécies de crustáceos de águas profundas avaliadas até agora no Brasil, ainda não foram consideradas ameaçadas de extinção. Contudo, são necessários esforços para quantificar a biomassa capturada anualmente como bycatch. Também são necessários novos cruzeiros de pesquisa que contribuam para o conhecimento de suas abundâncias e distribuições, informações fundamentais para o manejo e conservação destas espécies.

Palavras-chave: Águas profundas; caranguejo de profundidade; isópodo gigante; conservação; pesca; Atlântico Sul Ocidental.

Tipo de publicação
Trabalho acadêmico (TCCs, dissertações, teses e trabalhos científicos apresentados em congressos e cursos)
Local da publicação
Porto Alegre - RS
Nº da edição ou volume
Editora
UFRGS - Univesidade Federal do Rio Grande do Sul
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