a evolução já produziu. Sua incrível habilidade de induzir crescimentos atípicos (galhas) em tecidos vegetais para obtenção de alimento e proteção tem fascinado pesquisadores por todo o mundo. Entretanto, na região tropical, onde a riqueza de insetos galhadores é maior, controversamente poucos cientistas têm se dedicado ao estudo da interação entre estes incríveis animais e suas plantas hospedeiras. Nos neotrópicos, o sistema mais bem estudado é o Baccharis-insetos galhadores. Diversas dissertações de mestrado e teses de doutorado foram realizadas durante a investigação deste complexo sistema, o que resultou na publicação de muitos artigos e na elucidação dos fatores ecológicos que controlam as interações entre os organismos envolvidos. Apesar de ter sido menos estudado, o sistema Bauhinia brevipes-insetos galhadores possui uma particularidade que o coloca como um dos sistemas mais centrais dentro da interação inseto-planta da região tropical. Embora B. brevipes seja atacada por sete espécies de insetos galhadores, uma riqueza bem menor do que as espécies de Baccharis, sua habilidade de resistir à indução das galhas a destaca como uma das mais promissoras espécies vegetais a ser fonte de resistência contra herbívoros. A capacidade de produzir a reação de hipersensibilidade (RH) foi objeto de diversos estudos já publicados e de outros ainda em andamento. Contudo, este mecanismo de resistência contra herbívoros parece ser bem mais complexo do que se imaginava. Diversos fatores ecológicos e botânicos precisam ser levados em consideração para uma maior compreensão deste intrigante fenômeno. Sendo assim, coordenado pelo Prof. Geraldo Wilson Fernandes, o projeto “Ecologia da resistência induzida de plantas: a elicitação da reação de hipersensisitivade” reuniu uma equipe interdisciplinar que contando com o apoio de outras quatro Universidades Federais, teve como objetivo ampliar o entendimento dos fatores que atuam no sistema e assim, possibilitar a construção de um modelo teórico que permitisse predizer o efeito (individual ou combinado) de fatores abióticos, diversidade genotípica, fitoquímica, microbiológica e ecológica na interação entre B. brevipes e seu principal inseto galhador, Schizomyiia macrocapillata (Diptera: Cecidomyiidae). Neste projeto, coube-me a parte de estudar a fenologia e biologia reprodutiva de B. brevipes. Além da óbvia importância que este estudo traz como ciência básica, os 7 resultados deste estudo, associados com as recentes informações geradas por este projeto de amplo escopo, resultarão em uma compreensão mais ampla do sistema. O primeiro capítulo apresenta os resultados de um detalhado estudo realizado mensalmente entre Maio de 2003 e Outubro de 2005 e fornece informações importantes sobre a fenodinâmica da espécie, a época e duração das fenofases e a resposta da planta em função da variação sazonal do potencial hídrico. Além disso, concomitantemente com a fenologia da planta, dados sobre a fenologia de galhas causadas pelos principais galhadores também foram coletados. Contudo, não foram incluídos na dissertação por não fazerem parte do objetivo central desta. O segundo capítulo reúne informações sobre a biologia floral, a ecológica da polinização, o sistema reprodutivo e o destino final dos óvulos de Bauhinia brevipes. As conseqüências para a reprodução da planta são discutidas comparando-se os resultados com outras espécies de cerrado. A exemplo do que se tem encontrado em plantas de regiões temperadas, estudos recentes e ainda não publicados pelo nosso grupo de pesquisa sugerem a presença de um componente genético responsável por conferir resistência à formação das galhas. Isso torna a compreensão do sistema reprodutivo de extrema relevância já que é objetivo futuro deste grupo de pesquisa mapear os genótipos resistentes e susceptíveis à formação das galhas. Optou-se por escrever os capítulos já na forma de artigos. Uma conseqüência desta formatação é que a descrição da área de estudo e da espécie estudada tiveram que ser repetidas nos dois capítulos. As referências bibliográficas foram formatadas segundo as normas da Acta Botanica Brasilica. |