Há muito tempo não se viam nossas espécies nativas na ordem do dia
do brasileiro. Hoje, passamos por um momento ímpar de valorização
dessas espécies.
Mesmo nas rodas de conversa do agronegócio nacional, pautado
sobremaneira em espécies introduzidas, elas estão em alta. Já não há
mais empresário que não esteja convicto de que, futuramente, estarão
fora do negócio agrícola mundial se não estiverem ambientalmente
adequados, e de que as espécies nativas são fundamentais para tal.
Afinal de contas, a maior parte das pressões recebidas, hoje, pelo
agronegócio nacional diz respeito ao cumprimento do Código Florestal
Brasileiro, principalmente em relação à reabilitação ou à manutenção
de áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal (RL),
que variam, neste caso, em 80 % na região de floresta da Amazônia
Legal, em 35 % na área de transição de Cerrado dessa mesma região e
em 20 % das demais.
Nas rodas de conversa de agricultores familiares, falar de espécie nativa
também é assunto corriqueiro, tanto em função da adequação ambiental
quanto pela oportunidade que eles começam a perceber em relação à
possibilidade de auferir uma boa renda no futuro, a partir de plantios
feitos com recursos provenientes de créditos oferecidos pelo Pronaf Florestal.
Nos colóquios entre agentes governamentais, a coisa não é diferente.
Metas foram estabelecidas para plantio anual de 100 mil hectares de
espécies nativas a partir de 2011. Além disso, o governo tem explicitado
que um dos seus grandes desafios é a recuperação e a restauração das
áreas degradadas. Apenas na Floresta Ombrófila Mista, por exemplo,
estima-se em 1 milhão de hectares entre Áreas de Preservação Permanente
(APPs) e de Reserva Legal (RL) a serem recuperadas. Essa valorização das espécies nativas, no entanto, tem trazido grande
preocupação a todos os segmentos. Onde adquirir conhecimentos
organizados para plantação nos distintos biomas brasileiros?
É aí que a Embrapa entra na conversa. Sua coleção Espécies Arbóreas
Brasileiras entrega um novo presente à sociedade brasileira. Trata-se
deste terceiro volume, que organiza o conhecimento de mais 60 espécies
nativas do Brasil, completando assim a importante marca de 220 espécies
devidamente descritas, entre as 300 compromissadas com o governo do
Presidente Lula.
Este volume, tal qual os dois volumes que o antecederam, além de seu
objetivo técnico-científico – pelo seu texto de fácil leitura e entendimento,
e pelo rico material fotográfico incluído –, contribuirá para a popularização
do conhecimento sobre espécies nativas do Brasil e tornará mais fácil a
tarefa de todos os segmentos: governo, empresários e agricultores familiares.
Moacir José Sales Medrado
Chefe-Geral da Embrapa Florestas
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