“Agroecologia é um aprendizado infinito” - Os Núcleos de Agroecologia no Brasil No Brasil, experiências agroecológicas em curso em todo o país são cotidianamente protagonizadas por agricultores e agricultoras familiares, povos e comunidades tradicionais. Estas experiências, ajustadas a variados contextos socioambientais e distintos processos sócio biodiversos, demonstram a possibilidade da produção de base ecológica, em contraposição ao ordenamento social e econômico excludente que prevalece no meio rural. Estas experiências quase sempre estão articuladas em rede. Desta rede participam um número expressivo de pessoas, dentre elas profissionais atuantes em instituições científico-acadêmicas nos núcleos e redes de núcleos de estudo em agroecologia (NEAs e R-NEAs). Os NEAs são inovações recente das instituições brasileiras e tem seus lastros nos grupos de agricultura alternativa formados nas universidades brasileiras na década de 1980. Eles são formados e coordenados por profissionais das instituições científico-acadêmicas, como as universidades públicas, institutos federais de ensino superior e empresas públicas de pesquisa, federal ou estaduais. Os NEAS foram fomentados por meio de chamadas públicas lançadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com aporte financeiro dos ministérios envolvidos com o tema. A partir da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica, por intermédio de sua Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Cnapo), os NEAs passaram a ter mais visibilidade e mais apoio. Até então, 282 projetos de NEAs foram apoiados financeiramente e há previsão de apoio para mais 130 projetos. A estimativa é que existem no Brasil aproximadamente 150 Núcleos de Agroecologia e cinco Rede de Núcleos (um por região brasileira), que envolvem mais de 60 mil pessoas. Ao longo do tempo, os NEAs procuram garantir espaços de diálogo e o exercício da indissociabilidade entre pesquisa--ensino- extensão, em constante e permanente interação com a sociedade. A indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão relaciona-se às práticas das universidades brasileiras e é um princípio orientador da qualidade da produção universitária. Compreende-se que as ações de extensão adquirem maior efetividade se estiverem vinculadas a processos de formação das pessoas (processos educativos) e de geração de conhecimento. A partir do princípio da indissociabilidade, obrigação institucional pouco praticada pelas instituições científico-acadêmicas, os NEAs esforçam-se em articular a produção de novos saberes, a intervenção nos processos sociais e a ação educativa para formar cidadãos e profissionais.
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