Apresentação A importância da biodiversidade como instrumento estratégico decisivo no processo de desenvolvimento sustentável, particularmente no tocante à melhoria da qualidade de vida, está demonstrada pelos recentes avanços, entre outros, da adaptação baseada em ecossistemas, da gestão de serviços ecossistêmicos e da biotecnologia. De posse da maior riqueza biológica do planeta, torna-se evidente a necessidade brasileira de organizar e consolidar estratégias para a conservação e promoção do uso dessa riqueza. Entretanto, ainda há muito o que se conhecer sobre essa biodiversidade. A implementação dos compromissos assumidos em acordos internacionais afetos ao tema, com ênfase para a Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica e também para o Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agricultura, no âmbito da FAO, constitui um processo importante para ampliar a pesquisa e o desenvolvimento de usos sustentáveis das espécies e sua base genética. Cabe ao Ministério do Meio Ambiente promover a geração e o uso dos conhecimentos e de estruturas necessárias para garantir a conservação dos recursos da biodiversidade, ampliação do conhecimento e a promoção da sua utilização sustentável em prol da sociedade. É nesse contexto que se insere a Iniciativa Plantas para o Futuro. Criada nos anos 2000, ela busca identificar as espécies da flora brasileira de uso atual ou potencial, ampliar o conhecimento sobre cada uma delas, despertar a preocupação pública sobre as questões relacionadas à conservação e à promoção do uso das espécies nativas e oferecer às diferentes esferas de governo uma avaliação clara e equilibrada sobre o tema e prioridades de ação. A Iniciativa busca também chamar a atenção para as mudanças climáticas e seus impactos, inclusive na nossa agricultura, onde o emprego de novas espécies ou variedades mais adaptadas às condições locais poderá ser decisivo e estratégico para o país. Este trabalho, que envolveu uma ampla articulação nacional, está permitindo a construção de uma sólida colaboração com os diferentes segmentos da sociedade, governamental e não governamental, em todas as grandes regiões do país. Esta iniciativa configura um exemplo incontestável da força das parcerias, instrumento capaz de revitalizar e dar direcionamento adequado a ações que se mostravam dispersas e descoordenadas. Não seria possível alcançar objetivos tão ambiciosos sem a participação de tantas instituições. Ao envolver os diferentes grupos de usos da biodiversidade, a exemplo do alimentício, aromático, cosmético, medicinal e ornamental, esta iniciativa tem impacto direto nas principais atividades econômicas do país e estabelece caminhos na busca da valorização, da ampliação das informações disponíveis sobre as espécies nativas e da promoção do uso sustentável desses recursos, particularmente em um contexto de desenvolvimento econômico regional. É, portanto, com enorme satisfação que o Ministério do Meio Ambiente oferece à comunidade este segundo volume de uma série de cinco livros “Espécies Nativas da Flora Brasileira de Valor Econômico Atual ou Potencial – Plantas para o Futuro – Região Centro- Oeste”. Essa obra integra os principais dados e informações gerais sobre a flora desta região e as características mais relevantes acerca de cada uma das 174 espécies priorizadas neste estudo, bem como as possibilidades e as perspectivas de uso de todo esse potencial pelos diversos segmentos da sociedade. Com dados atualizados sobre cada uma das espécies, estas publicações estão criando novos estímulos ao desenvolvimento de pesquisas que, certamente, favorecerão a conservação e a ampliação do uso desse enorme potencial natural. A divulgação desses novos conhecimentos contribuirá definitivamente para valorizar a biodiversidade brasileira, bem como para criar maior capilaridade desta temática junto aos setores do governo, tanto o federal, quanto o estadual e o municipal. JOSÉ SARNEY FILHO MINISTRO DO MEIO AMBIENTE
Prefácio
A melhor maneira de proteger um bioma não é somente preservar o solo, os rios ou a fauna nativa. É proteger, sobretudo, o homem que vive dele. É nesse momento que a cadeia do alimento pode ser uma ferramenta essencial para a proteção e para o alívio de pressões existentes em muitos biomas, como o caso do Cerrado. Entendo perfeitamente a necessidade de produção de commodities agrícolas, mas não consigo compreender e concordar com o excesso de pressão que hoje sofre o Cerrado. Essas ações geram um prejuízo inigualável em sua biodiversidade, empobrecendo, assim, nossa natureza e também nossa cultura. Pergunto-me se o destino do Cerrado será o mesmo da Mata Atlântica, da qual restam preservados, atualmente, 8,5% do bioma. Será que toda a biodiversidade do Cerrado pode ser compreendida em menos de 10%? Espero que, para conhecer o Cerrado, não precisemos recorrer aos livros ou a registros de um bioma em avançado processo de desmatamento. Acredito que este livro possa nos ajudar a solucionar essas questões e entraves. Pois, quando falamos de biodiversidade, essa palavra talvez não carregue a imensidão de seu valor. Mas, quando provamos a biodiversidade, isso sim pode ser compreendido. Conhecer as frutas, as ervas, as flores e tudo o que o Cerrado tem a oferecer para as indústrias, em especial a cosmética e a alimentícia, pode ser a grande defesa desse importante Bioma. Confio na proteção, na conservação e, sobretudo, no bom senso de todos nós, consumidores e amantes da natureza, para que o Cerrado sobreviva. Lembre-se: o Cerrado agoniza. E este livro expõe esta realidade, mas também traz possíveis caminhos para a solução. ALEX ATALA COZINHEIRO PRESIDENTE DO INSTITUTO ATÁ |