Introdução Entre os ecossistemas mais ameaçados em todo o mundo destacam-se as florestas
que revestem as serras e as planícies ao longo da costa atlântica brasileira. Esses
ecossistemas fazem parte da Mata Atlântica, cuja cobertura remanescente restringe-se
hoje a cerca de 7% de sua área original. A Mata Atlântica sofre ações predatórias desde
os tempos do descobrimento (Guedes-Bruni, 1998), passando por ciclos que incluíram a
exploração do pau-brasil e o cultivo da cana-de-açúcar. Outros motivos, como a
necessidade de sobrevivência e habitação, foram posteriormente substituídos pela
ampliação das fronteiras agropecuárias, expansão das áreas urbanas e pelo corrosivo
crescimento industrial.
A dificuldade de reproduzir a complexidade da floresta atlântica na recomposição
de ambientes degradados levou os pesquisadores a procurar entender melhor a
dinâmica da floresta tropical, em especial a maneira pela qual se dá o processo de
regeneração natural. Como resultados dessas pesquisas, várias iniciativas de
restauração da Floresta Atlântica foram implantadas ao longo dos últimos 30 anos
(Rodrigues et al, 2009).
Em 1993, o Programa Mata Atlântica, do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do
Rio de Janeiro, iniciou estudos na Reserva Biológica de Poço das Antas, em Silva
Jardim/RJ, Unidade de Conservação do ICMBio, com o objetivo de reunir subsídios para
a restauração das áreas degradadas da Reserva.
Além de incluir uma lista de espécies com ocorrência registrada para várias regiões
do Estado do Rio de Janeiro e que podem ser utilizadas em plantios, este Manual pode
contribuir para a seleção de estratégias e técnicas de restauração mais adequadas para
cada situação. Cabe aos interessados e técnicos utilizar as informações fornecidas e
selecionar as espécies mais importantes de cada grupo ecológico.
Assim, este Manual baseia-se na experiência do Programa Mata Atlântica em Poço
das Antas, tendo por objetivo fornecer indicações práticas para viabilizar a restauração
de áreas que perderam a sua cobertura florestal original. No entanto, o conhecimento
vindo da experiência de cada um não deve ser desprezado. Acima de tudo temos sempre
que conhecer para conservar.
Em um momento em que o Estado do Rio de Janeiro assume a obrigação de
restaurar milhares de hectares de Floresta Atlântica, e em que a legislação ambiental
brasileira busca incentivar a restauração de nossas áreas degradadas, acreditamos que
este manual traz uma valiosa contribuição.
Recuperação ambiental. 2. Áreas
degradadas. 3. Mata Atlântica
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