TCC apresentado ao Ciclo de Formação em Gestão para Resultados PGR3
A Reserva Extrativista Riozinho da Liberdade, criada em 2005, tem por objetivo
conservar a biodiversidade local e proteger os meios de vida e a cultura da
população tradicional residente no território, que possui cerca de 340.000 hectares.
Estabelecidos na região durante os sucessivos ciclos de extração látex da
seringueira na Amazônia ocidental, os moradores do rio Liberdade procuram, desde
o fim da “economia da borracha”, outros meios de vida. Atualmente, comercializam
farinha de mandioca para o município polo do vale do Juruá acreano – Cruzeiro do
Sul – bem como para as capitais amazônicas Rio Branco, Porto Velho e Manaus.
Também comercializam outros produtos agrícolas de menor relevância, nos
mercados regional e internos, e mantêm o extrativismo – sobretudo a produção de
vinhos dos frutos de palmeiras, a utilização de cipós para utensílios e a construção
de casas e embarcações com madeira local – como para a sua subsistência.
Tendo o seu conselho deliberativo formado em 2012, o foco de gestão atual é
a elaboração do plano de manejo da Reserva, buscando consolidar um processo de
planejamento altamente participativo – que contemple não apenas o envolvimento
das lideranças comunitárias, mas de todo os moradores e de parceiros estratégicos
para o cumprimento dos objetivos da unidade de conservação – de maneira a buscar
garantir o êxito das futuras ações de manejo preconizadas pelo plano. Buscando
acompanhar o estado da arte junto ao tema – que preconiza a elaboração de planos
de manejo enxutos e considerem o panorama de escassez de recursos humanos,
materiais e financeiros, num cenário de constantes mudanças sociopolíticas e
ambientais – espera-se que este plano de manejo aponte ações estratégicas para a
superação dos grandes desafios e para o aproveitamento das oportunidades de
gestão, sobretudo na identificação de novos potenciais extrativistas e na busca de
políticas públicas adequadas à população e ao ambiente. Para tanto, estão sendo
empregadas diretrizes e ferramentas de gestão estratégica, a partir do que vem
sendo trabalhado no âmbito das unidades de conservação no Brasil, através – hoje –
do Ciclo de Formação em Gestão para Resultados, oferecido pelo ICMBio aos seus
servidores e parceiros, sob condução do Núcleo para Excelência de Unidades de
Conservação Ambiental (Nexucs).
Este trabalho apresenta os resultados de uma atuação prática de facilitação
interna para o desenvolvimento do mapa estratégico da Reserva Extrativista
Riozinho da Liberdade, realizada entre janeiro e junho de 2015, contribuindo para o
direcionamento de esforços na elaboração do plano de manejo da unidade de
conservação. Foram realizados 3 encontros, o primeiro com 55 representantes da
população tradicional beneficiária da Reserva, os dois posteriores com o seu
conselho deliberativo. Foram empregadas metodologias participativas adequadas
aos participantes, procurando assegurar o protagonismo das populações
tradicionais, de acordo com o que preconiza a filosofia de trabalho e as
regulamentações acerca do tema. Foram utilizadas analogias visuais para facilitar a
compreensão dos participantes, de modo a buscar a necessária internalização por
parte de todos os envolvidos na gestão da Reserva.
Com isso, foram estabelecidas as diretrizes estratégicas (Missão, Visão de
futuro e Valores) e realizado o mapeamento dos objetivos estratégicos sob as
perspectivas “Recursos”, “Aprendizado”, “Processos”, “Beneficiários” e “Meio
Ambiente e Sociedade”, utilizando-se a metodologia do balanced scorecard.
Buscando cumprir com os objetivos da intervenção, o resultado deste mapeamento
está sendo utilizado como inspiração para a definição do primeiro conjunto de
perguntas orientadoras da elaboração do plano de manejo da unidade. Apesar do
caráter preliminar, que demanda um processo de consolidação e validação por parte
do conselho da Reserva e de seus moradores, previsto para ser finalizado ainda em
2015, o mapa estratégico mostrou-se uma ferramenta importante de direcionamento
dos esforços para a elaboração do plano de manejo, dando foco às investigações, e
pactuando um conjunto de objetivos mútuos, compartilhados entre gestores,
população beneficiária e parceiros.
Palavras chaves: planejamento estratégico; reservas extrativistas; populações
tradicionais; Amazônia.
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