Midiateca

Plano de Ação Nacional - PAN _ para a Conservação dos Galiformes - - (acaruãs, jacus, jacutingas, mutuns e urus)

Autores

ICMBIO

Luís Fábio Silveira

Elisiário Strike Soares

Carlos Abs Bianchi

Ano de Publicação
2008
Categoria
PESQUISA AVALIAÇÃO E MONITORAMENTO DA BIODIVERSIDADE
Descrição

As espécies das famílias Cracidae (popularmente conhecidas como mutuns, jacus, jacutingas e aracuãs) e Odontophoridae (urus e capoeiras) constituem as únicas representantes nativas da ordem Galliformes na América do Sul. Os representantes da família Cracidae são tipicamente neotropicais, sendo bem distribuídos pelas florestas dessa região, com apenas uma espécie alcançando o extremo sul do estado norteamericano do Texas, na região Neártica. Já os Odontophoridae, ao contrário dos Cracidae, parecem ter se originado na América do Norte, invadindo a região Neotropical, e especialmente a América do Sul apenas recentemente. O Brasil abriga a segunda maior diversidade de espécies de Cracidae, sendo registradas pelo menos 22 das cerca de 50 espécies  Correntemente aceitas. Já os Odontophoridae apresentam menor diversidade, com apenas quatro espécies registradas no Brasil, das cerca de 30 que compõem a família. A maioria dos representantes dos cracídeos possui massa corporal acima de 500 g, ultrapassando os três quilogramas no caso das espécies de mutuns (gêneros Crax e Pauxi) de maior porte. Em habitats onde a caça e outras atividades humanas não alteraram de forma significativa as suas densidades, mutuns, jacus e jacutingas constituem uma fração importante da biomassa de vertebrados, sendo que algumas espécies são também consideradas como boas dispersoras de sementes. Os cracídeos, especialmente aqueles arborícolas, são frugívoros, dispersando grande variedade de sementes e possuindo um importante papel na regeneração e manutenção das florestas. Destaca-se, entre outras espécies, a jacutinga (Aburria jacutinga), típica da Mata Atlântica, e que consome significativa quantidade de frutos de lauráceas, mirtáceas e de algumas espécies de palmeiras que são posteriormente regurgitadas ou defecadas no solo da floresta, longe da planta-mãe. As espécies terrícolas e de maior porte, como os mutuns, são consideradas mais destruidoras do que dispersoras de sementes, embora essa intensidade de predação ainda seja pouco estudada (BROOKS & STRAHL, 2000). Os Odontophoridae, da mesma forma que os Cracidae, alimentam-se de frutos e sementes, além de pequenos invertebrados, mas há menos informações sobre o papel como dispersores. Os representantes de ambas as famílias possuem características que os apontam como indicadores biológicos do estado de conservação de um ecossistema. Os mutuns de maior porte necessitam de grandes áreas primárias ou secundárias em avançado estado de regeneração, onde existam árvores frutíferas de grande porte. Além disso, ocorrem em baixas densidades e a maturidade sexual se dá a partir dos 2 ou 3 anos de idade. A maioria das espécies de jacus, jacutingas e aracuãs são mais tolerantes a ambientes alterados,  ocorrendo até mesmo em áreas secundárias ou capoeiras, da mesma forma que as espécies brasileiras da família Odontophoridae. Os  Odontoforídeos, ao contrário da maioria das espécies de Cracidae, são mais facilmente detectados em campo por causa da sua conspícua vocalização. Os representantes das duas famílias são muito afetados pelas ações do homem, especialmente pela caça e pela destruição e degradação dos seus ambientes. As populações indígenas e algumas comunidades tradicionais têm nos mutuns, jacus, aracuãs e urus uma importante fonte de proteína, compondo em alguns casos a maior biomassa de aves retiradas por caçadores, sendo enorme o número de indivíduos abatidos por ano no Brasil. Peres (2000) estimou que as populações rurais da Amazônia (na época, somando 8,1 milhões de pessoas) abatiam, por ano, um mínimo de 23 milhões de animais, incluindo de 264 a 660 mil mutuns (Crax e Pauxi), 146 a 358 mil cujubis (Aburria), e de 492 mil a 1,2 milhão de jacus (Penelope). Embora o intervalo entre os números máximos e mínimos seja elevado, é fato e não causa surpresa que várias espécies de cracídeos, especialmente aqueles dos gêneros Crax, Pauxi e Aburria tenham sido localmente extintas em muitas áreas da Amazônia, inclusive em regiões teoricamente dedicadas à conservação, como várias reservas extrativistas. A situação em biomas mais impactados, como a Mata Atlântica, é ainda mais séria, onde espécies como o mutumde- alagoas (Pauxi mitu) já foram extintas na natureza, e outras, como a jacutinga (Aburria jacutinga), sobrevivem em situação precária. 


1. Plano (Planejamento). 2. Aves (Galliformes). 3. Ornitologia. 4. Extinção. I. Fábio Silveira,

Luís. II. Strike Soares, Elisiário. III. Abs Bianchi, Carlos. IV. Instituto Chico Mendes de Conservação

da Biodiversidade - ICMBio. V. Diretoria de Conservação da Biodiversidade. VI. Coordenação

Geral de Espécies Ameaçadas. VII.Título. VIII. Série.

Tipo de publicação
Livro
Local da publicação
Brasília, DF http://www.icmbio.gov.br/biodiversidade/fauna-brasileira/lista-planos-de-acao-nacionais
Nº da edição ou volume
Série Espécies Ameaçadas nº 6
Editora
ICMBIO
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