A ARIE das Ilhas Queimada Pequena e Queimada Grande, Unidade de Conservação
Federal de Uso Sustentável, sob a gestão do ICMBio, localiza-se no litoral Sul de São
Paulo, entre os municípios de Itanhaém e Peruíbe. A Ilha Queimada Grande (IQG),
objeto deste estudo, tem 57 ha e dista 34,8 km da costa. Possui espécies endêmicas
criticamente em perigo de extinção, como a jararaca-ilhoa (Bothrops insularis) e Scinax
peixotoi (Hylidae), além de outras de interesse conservacionista. O atual estudo ampliou
o foco até então concentrado na fauna, e buscou caracterizar as comunidades vegetais da
IQG. Os levantamentos florístico e fitossociológico indicaram 103 espécies, sendo que
Guapira opposita, Rudgea minor e Aspidosperma australe destacaram-se em
importância na formação florestal. As famílias mais ricas foram Fabaceae, com 12
espécies, Apocynaceae (7), Asteraceae (6), Convolvulaceae e Orchidaceae (5), Poaceae
e Acanthaceae (4). A maior parte da ilha possui vegetação aparentemente primária,
classificada como Mata Atlântica, embora de baixa estatura devido às condições locais.
O mapeamento de uso e cobertura do solo indicou que a classe Floresta ocupa,
atualmente, ~51% da área, seguida de Rocha Nua (~25%). A área degradada e em
recuperação somam ~9%. A formação florestal é o principal hábitat da jararaca-ilhoa e,
aparentemente, é a principal fonte de alimento (frutos e sementes) para os passeriformes
Elaenia chilensis e Turdus flavipes, que constituem a base de sua alimentação na sua
fase adulta. Os dados aqui apresentados subsidiarão ações de gestão da Unidade,
incluindo a elaboração de seu Plano de Manejo.
Palavras chave: Ilhas costeiras, Unidade de Conservação, Floresta Atlântica,
fitossociologia, Bothrops insularis, dispersão.