O material orgânico (vegetal/animal), liteira, depositado no solo das florestas tropicais amazônicas
tem grande relevância na manutenção da fertilidade dos solos amazônicos, pois não só repõe
nutrientes, mas também funciona como uma camada protetora dos mesmos. A liteira vegetal é um
aglomerado de componentes, dentre os quais, destacam-se as folhas, galhos, flores e frutos, sendo que
cada um destes componentes apresenta distintas constituições químicas, o que implica na menor ou
maior velocidade de decomposição e, por conseqüência, maior ou menor nutrição dos solos. O entendimento
sobre as tendências quantitativas e qualitativas de produção dos componentes da liteira vegetal
são de fundamental importância para a ampliação do conhecimento sobre a dinâmica nutricional em
florestas amazônicas. Desta forma, o presente estudo objetivou avaliar os efeitos da deficiência hídrica
prolongada na produção dos componentes da liteira vegetal em floresta tropical nativa na Floresta Nacional
de Caxiuanã-Pa. O estudo foi realizado em floresta nativa de terra firme, localizada na Floresta
Nacional de Caxiuanã, Estado do Pará, durante os anos de 2004 a 2010, coletando-se e medindo-se
mensalmente, as produções de liteira acumulada em duas parcelas de 1 ha, sendo que uma foi submetida
a deficiência hídrica da ordem de 50% e, outra foi mantida como controle. A produção acumulada de
folhas, galhos e flores/ frutos para o período de estudo, foi de 3,66, 0,77 e 0,65 t.ha-1.ano-1; 3,16, 0,62
e 0,37 t.ha-1.ano-1, respectivamente, para as parcelas controle e tratamento, uma redução da ordem de
15,82%, 24,19% e 75%, entre as produções dos componentes da liteira acumulada da parcela controle
em relação à parcela tratamento. Observou-se tendência de sazonalidade anual e mensal na produção
de liteira acumulada, ambas, ajustando-se bem às linhas de tendência polinomiais de grau elevado (5°
grau), com as maiores produções ocorrendo nos primeiros e últimos anos de estudo e, no mês de julho;
e as menores produções ocorrendo nos anos centrais do estudo e, nos meses de fevereiro, abril e
dezembro. A deficiência hídrica do tratamento afetou intensamente a produção acumulada de folhas e
flores/frutos, principalmente, este último, devido à grande dependência produtiva, deste componente, à
fenologia reprodutiva e, que guarda estreita relação com disponibilidade hídrica no ecossistema.