É com satisfação que o Ministério do Meio Ambiente disponibiliza à sociedade brasileira esta primeira edição do “Livro
Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção”. Seu lançamento coincide com o 40º aniversário de publicação
da primeira Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, ocorrida em maio de 1968.
Executado sob a coordenação técnica da Fundação Biodiversitas, este livro reúne informações científicas padronizadas
sobre todas as 627 espécies da fauna reconhecidas atualmente pelo governo brasileiro como ameaçadas de extinção.
Abrangente e de leitura fácil, nesta obra estão disponíveis informações valiosas tanto para o gestor ambiental, cujo objeto
de trabalho é a elaboração e execução de políticas públicas, quanto para acadêmicos e o público em geral. Trata-se de
uma obra sem precedentes em nosso país, no que concerne ao tema das espécies brasileiras ameaçadas de extinção.
A publicação desta obra é uma ação decorrente da revisão da Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de
Extinção, ocorrida no ano de 2002 e publicada por intermédio das Instruções Normativas MMA nº 3 (2003) e nº 5 (2004).
Quando comparada à lista inicial de 1968 e às duas que a sucederam, esta última revisão apresentou consideráveis
aperfeiçoamentos, tanto no que se refere ao processo de elaboração em si, que se tornou mais participativo, transparente
e científico, quanto à sua abrangência, grandemente ampliada, sobretudo em decorrência da inclusão de grupos de
espécies animais não contemplados nas versões anteriores, como é o caso dos peixes e dos invertebrados aquáticos.
A partir desses instrumentos legais, as espécies ameaçadas passaram a integrar a agenda conservacionista
governamental, viabilizando a implementação, execução e monitoramento de ações destinadas a sua conservação
e recuperação. Houve, portanto, uma mudança significativa nas ações subseqüentes à publicação das Instruções
Normativas, sendo dada maior ênfase aos instrumentos de gestão, que incluíram a formação de comitês
assessores, a elaboração e a implementação de planos de manejo. Dessa forma, Listas Oficiais de Espécies
Ameaçadas apresentam grande importância, visto serem balizadoras da elaboração e execução de políticas
públicas conservacionistas e também de ações da Sociedade Civil Organizada em geral.
A compilação de uma lista nacional de espécies da fauna ameaçadas de extinção é uma tarefa bastante difícil
e complexa, considerando-se que: (i) apenas uma pequena porcentagem do total de nossa fauna é conhecida,
(ii) há uma grande deficiência de dados sobre a maioria das espécies, e (iii) há ainda um pequeno número
de especialistas dedicados à taxonomia e à conservação de nossa biota, em contraposição às dimensões
continentais de nosso país e à nossa megadiversidade. Por outro lado, é um processo que necessita ser repetido
periodicamente, considerando-se o dinamismo dos fatores que levam as espécies a tornarem-se ameaçadas de
extinção, principalmente aqueles relacionados a mudanças no uso da terra.
O processo de revisão periódica das listas de espécies ameaçadas poderia ser bastante facilitado, se houvesse
etapas prévias de elaboração de Listas Estaduais de Espécies Ameaçadas, em que fossem reunidas as informações
disponíveis sobre o status de conservação das espécies nas diversas unidades da federação. Até o momento,
porém, apenas sete Estados brasileiros conduziram estudos que culminaram na publicação destas listas, a saber:
Paraná (1995, 2004), Minas Gerais (1995), São Paulo (1998), Rio de Janeiro (1998), Rio Grande do Sul (2002),
Espírito Santo (2005), e Pará (2008). Os Estados de Minas Gerais (1998), Rio de Janeiro (2000), Rio Grande do
Sul (2003) e Paraná (2004) já produziram também Livros Vermelhos como o que ora disponibilizamos para todo
o Brasil, atitude da máxima relevância para a conservação de suas respectivas faunas.
Neste sentido, convido as demais unidades da federação que ainda não dispõem de suas Listas Estaduais de
Fauna Ameaçada de Extinção a fazê-lo, estando a Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do
Meio Ambiente à disposição para o estabelecimento das parcerias necessárias a sua viabilização.