UNIDADE II – TÉCNICAS DE CAPTURA DE AVES
4. Operacão das armadilhas e redes ornitológicas
É recomendável operar as armadilhas durante os períodos de maior atividade das aves e mantê-las fechadas em situações desfavoráveis. Veremos adiante que isso pode variar com os tipos de armadilha e espécies-alvo. Tal recomendação é importante para garantir o bem-estar das aves capturadas, além de aumentar a eficiência de captura.
Geralmente as redes ornitológicas são abertas ao nascer do sol, se aproveitando dos momentos de maior atividade das aves. Em ambientes florestais com condições de temperatura amena, as redes podem ficar abertas durante todo o dia. Já em áreas mais abertas, como na Caatinga, por exemplo, você não deve manter as redes abertas nos horários mais quentes, entre 10h e 15h. As redes devem ser fechadas cerca de 30 minutos antes de escurecer, garantindo assim que as aves tenham tempo de se abrigar.
Em condições normais, você deverá revisar as armadilhas e redes ornitológicas com frequência, geralmente a cada 30 minutos. Se as condições climáticas forem favoráveis, como locais sombreados e com clima ameno e quando a taxa de captura estiver baixa, você poderá ampliar o tempo de revisão para intervalos de 45 minutos. Sob condições climáticas desfavoráveis, com muitas capturas ou havendo presença de predadores não se esqueça de revisar a cada 15-20 minutos ou desativá-las temporariamente, se necessário.
Não é recomendável que você use as armadilhas sob condições climáticas adversas, como tempo chuvoso, muito frio ou sol forte, pois nessas circunstâncias aves presas podem vir a óbito por hipotermia ou hipertermia. Situações de ventos fortes também devem ser evitadas, pois podem ocasionar ferimentos nas aves capturadas, especialmente em redes ornitológicas, que podem ficar bastante tensionadas pelo vento.
É sempre bom lembrar que aves presas em armadilhas estão mais vulneráveis a predadores. Você deve estar sempre atento à presença de predadores na área e, se necessário, deve desativar as armadilhas, mudá-las de local ou aumentar a frequência de revisões, como vimos anteriormente.
Aves de rapina, tucanos e gralhas, por exemplo, costumam predar aves capturadas nas redes e, em algumas situações, podem acabar ficando presas também. Alguns mamíferos silvestres como primatas, felinos, canídeos, mustelídeos, procionídeos e marsupiais, além de animais domésticos, especialmente cães e gatos, oferecem ameaças às aves capturadas em redes. Aves capturadas próximo ao solo podem ser predadas por serpentes e insetos, neste caso, especialmente formigas.
Outros animais domésticos como caprinos, ovinos, equinos e bovinos podem danificar seriamente as redes ornitológicas durante suas movimentações. Assim, você deve evitar o uso de redes em locais de passagem desses animais.
E atenção, ao armar as redes na praia, deve-se observar as variações da maré para evitar risco de afogamento das aves quando a maré estiver invadindo a área de uso das redes.
Aprendemos nesta unidade sobre diferentes métodos e instrumentos para captura de aves silvestres para estudos científicos.
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