Biblioteca Antiga

Processos De Cooperação Entre Unidades De Conservação E Empresas (?) O Caso Da Reserva Biológica Do Córrego Grande - Conceição Da Barra - Norte Do ES

As dificuldades encontradas na gestão das áreas protegidas no Brasil são inúmeras e relacionam-se a fatores históricos, sociais e políticos. Na tentativa de se modificar tal realidade, torna-se fundamental elucidar em termos históricos, o papel desempenhado pelo Estado e pelas elites dominantes no que concerne a proteção dos recursos naturais, principalmente a partir da última metade do século XX, que é quando se consolida no plano nacional a bandeira da conservação ambiental, no âmbito de uma política nacional de cunho desenvolvimentista e à luz de profundas transformações econômicas e ajustes estruturais do aparato estatal, atreladas a égide econômica neoliberal. Dentro destas premissas, temos como objetivo elucidar os limites e possibilidades, dos processos de cooperação entre unidades de conservação e empresas que atuem em suas zonas de amortecimento e que visem o apoio à sua gestão, garantindo a sua integridade biológica, além dos direitos, interesses e valores socioculturais dos grupos sociais ali também presentes. A pesquisa foi quanto aos fins exploratória e quanto aos meios, bibliográfica, analítica e documental. A amostra foi intencional, constituída pelo estudo do processo de cooperação entre a Reserva Biológica do Córrego Grande - Conceição da Barra – ES e empresas de celulose que atuam em sua zona de amortecimento e entorno regional, num recorte temporal situado a partir da última metade do século XX e num recorte geográfico delimitado pelo denominado eixo norte do Espírito Santo e extremo-sul da Bahia. Partimos da hipótese que a precariedade dos investimentos públicos em unidades de conservação integra uma racionalidade de estreita relação entre Estado e interesses privados, dentro da cultura do patrimonialismo. O desafio imposto foi o de problematizar se é possível (e até que ponto o é) contemplar ou incorporar de forma efetiva e factual, a conservação e o elemento socioambiental em tais processos de cooperação, de forma a ter subsídios para a proposição de diretrizes e critérios para o estabelecimento de processos desta natureza, em consonância com tais objetivos. Como resultado, propomos diretrizes que valorizem a participação sociopolítica de todos os sujeitos sociais envolvidos e eixos preferenciais para o foco e atuação, enfatizando o papel do conselho gestor das unidades de conservação como o fórum mais adequado para tais discussões.

Categoria: unidades_de_conservação_gestão
Ano de publicação: 2012