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DEVANEIOS DA FOGUEIRA: Os saberes populares associados ao fogo atiçam diálogos de Educação Ambiental sobre incêndios florestais, crise climática e Bem Viver - Dissertação de Mestrado pela UFMT

Autores

FLAVIA LOPES BERTIER

Ano de Publicação
2020
Categoria
EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO
Descrição

RESUMO

A Rede Internacional de Pesquisadores em Justiça Climática e Educação Ambiental (REAJA) estuda como a crise climática afeta o planeta como um todo, sendo mais fortemente sentida em grupos sociais em situação de vulnerabilidade. No Brasil, os incêndios florestais são um dos fatores que contribuem para a emissão de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, acelerando o colapso climático. A política do “Fogo Zero” adotada pelo governo brasileiro é uma das responsáveis pelo aumento dos incêndios florestais no Cerrado, pois não leva em consideração que o bioma é dependente do fogo, ou seja, onde este elemento não é considerado um distúrbio, mas fator imprescindível para a preservação de seus processos ecológicos. A exclusão do fogo no Cerrado acarreta acúmulo de matéria orgânica em extensas áreas e facilita a propagação de incêndios de grandes proporções nas épocas secas, que atingem indiscriminadamente áreas protegidas e privadas com enormes perdas de biodiversidade, impactos socioeconômicos e emissão de GEE. Diversos estudos apontam que populações tradicionais do Cerrado utilizam o fogo sem prejudicar a natureza, pois dela dependem. Para identificar práticas, técnicas, valores e culturas do fogo, o Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte (GPEA) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), membro da REAJA, realizou o mapeamento dos saberes populares associados ao fogo nas comunidades rurais de São Jerônimo (Cuiabá/MT) e Água Fria (Chapada dos Guimarães/MT), localizadas no entorno do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães (PNCG). A metodologia do Mapa Social foi escolhida para dar visibilidade a estes saberes, em desuso pelas comunidades por temerem sanções governamentais. Conhecer tais saberes é fator imprescindível para a implementação de ações de Manejo Integrado do Fogo (MIF) no PNCG. Como resultado, são apresentadas nesta dissertação de Mestrado em Educação as relações entre as práticas cotidianas e os saberes tradicionais de uso do fogo com os ciclos da natureza, como o fogo cria e fortalece vínculos comunitários e como participa da conservação ambiental. Os diálogos presentes nas atividades do Mapa Social permeados por assuntos relacionados ao fogo estimulam a dialogicidade, revelam valores, crenças, ética e olhar político inerentes à educação ambiental gpeana. Através da escuta sensível durante oficinas e reuniões coletivas de mapeamento e entrevistas com anciãs e anciãos das comunidades são identificadas as impressões dos participantes sobre a relação entre incêndios florestais, a crise climática e seu Bem Viver. Os relatos são interpretados à luz da Fenomenologia de Gaston Bachelard e revelam as dualidades imbricadas do fogo: bom e ruim. A elaboração conjunta do Mapa Social dos saberes populares associados ao fogo escrutina necessidades e problemas ambientais latentes. A luz que emerge dos diálogos e das vivências coletivas reflete as realidades vividas pelos participantes da pesquisa e deslinda possibilidades de políticas públicas que podem ser aplicadas para além das fronteiras do PNCG. Esta Simbiose de Saberes contribui para a diminuição dos incêndios florestais, fortalece as comunidades e ajuda a descriminalizar o uso tradicional do fogo no Cerrado mato-grossense. Palavras-chave: Educação Ambiental. Mapa Social. Incêndios florestais. Crise Climática. Bem Viver.

Tipo de publicação
Trabalho acadêmico (TCCs, dissertações, teses e trabalhos científicos apresentados em congressos e cursos)
Local da publicação
Cuiabá - MT
Nº da edição ou volume
Editora
UFMT - Universidade Federal do Mato Grosso
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