Midiateca

Dinâmica e Diversidade do Turismo de Base Comunitária Desafio para a formulação de política pública

Autores

Coordenação Geral de Projetos de Estruturação do Turismo em Áreas Priorizadas – CGPE

Equipe Técnica – 2007-2010

Kátia T. P. da Silva – Coordenadora Geral

Ana Beatriz Serpa

Breno Teixeira

Nilvana Ribeiro Soares

Paula Regina Ferreira da Silva

Clara F. C. Pinto

Karina Cobucci Salles

Maria Fernanda Barrillari

Rodrigo Lima

Rodrigo Ramiro

Rogério Araújo

Elaboração do Texto

Ana Beatriz Serpa

Karina Cobucci Salles

Kátia T. P. da Silva

Maria Fernanda Barrillari

Rodrigo Ramiro

Ano de Publicação
2010
Categoria
GESTÃO SOCIOAMBIENTAL
Descrição

Considerações finais

Observamos que algumas iniciativas de TBC, pelo apoio do MTur e por sua própria dinâmica de funcionamento, estão mais consolidadas do ponto de vista de organização, gestão, oferta, em termos de visibilidade e reconhecimento pelo poder público, em particular, e pelos atores do turismo, de uma forma geral. O registro da experiência de três anos de trabalho da Coordenação de Projetos de Estruturação do Turismo em Áreas Priorizadas (CGPE), do Departamento de Qualificação, de Certificação e de Produção Associada ao Turismo (DCPAT), revelou um cenário marcado pela complexidade, diversidade, especificidade, potencialidade e limites para a inserção produtiva relacionada ao turismo. O investimento realizado foi de cerca de R$ 10 milhões dos recursos de programação do MTur para promover o TBC, apoiando 42 projetos com o objetivo de melhorar e promover a qualidade dos produtos e serviços ofertados. Foram beneficiadas aproximadamente 8 mil pessoas, distribuídas em 46 municípios das cinco regiões do País, dos quais 15 estão entre os 65 Destinos Indutores do Desenvolvimento Turístico Regional. Neste trabalho de análise, foi possível a identificação de desafios e potencialidades que consideraram aspectos internos e externos aos projetos, o funcionamento do mercado turístico e suas tendências, as especificidades do seu público-alvo, a diversidade das experiências e as possibilidades de ação em parceria com o setor público. A estruturação, organização e comercialização das experiências de TBC, aliadas à cadeia produtiva do turismo requerem, por um lado, o enfrentamento dos desafios e, por outro, a formulação de ações concretas no campo das possibilidades. Para a formulação de uma política pública, com maior grau de eficácia e efetividade, faz-se premente a distinção entre aspectos internos e externos que têm impacto sobre o formato da oferta dos produtos e serviços de TBC. Entre os aspectos internos devemos considerar o funcionamento do mercado turístico e suas tendências, as especificidades desta oferta e demanda e a diversidade das  experiências. Quanto aos de ordem externa, importa ressaltar a viabilidade de articulação para estabelecer sinergias e prioridades quanto a um conjunto de ações relacionadas à educação, saúde, infraestrutura, preservação ambiental e adequação de marcos legais de diversas ordens. Tudo isso deve ser realizado em cooperação com o poder público, estadual, municipal e federal, não somente para o desenvolvimento das atividades turísticas, mas principalmente, para a criação de condições para um real desenvolvimento econômico e social sustentável. Entre as potencialidades dos projetos de TBC apoiados pelo MTur, foi possível notar que as ações de mobilização, sensibilização e motivação das comunidades para o turismo ocorreram, na maior parte dos projetos, de forma bem-sucedida. Por isso mesmo são importantes instrumentos de coesão social, pré-requisito para uma oferta turística de destinos, produtos ou serviços baseada no associativismo e nos princípios da economia solidária. Percebe-se que houve uma evolução no entendimento da dinâmica da atividade turística e das possibilidades e limites do TBC, e um consequente avanço na organização e gestão das iniciativas deste modelo. Esta evolução se deu tanto nas ações de qualificação realizadas pelos projetos, quanto nas interações entre as iniciativas ou nos intercâmbios e encontros promovidos no âmbito dos projetos. Mesmo estando em níveis distintos de organização da oferta, pode-se afirmar que a ação de fomento ao TBC no País fortaleceu estes destinos, em termos de qualidade de gestão e oferta, promoção nacional e internacional, introdução de novos produtos e serviços. Isso é resultado das diversas ações de qualificação desenvolvidas e do reconhecimento que o Turismo de Base Comunitária obteve por parte dos formadores de opinião, o que pode vir a facilitar a interlocução com o trade turístico e outros atores, particularmente o poder público local. Defendemos a continuidade do investimento público para apoiar as iniciativas de TBC, para a consolidação dos avanços destacados nas potencialidades e oportunidades. Assim, a inclusão deste tema no Documento Referencial Turismo no Brasil 2011-2014, elaborado no âmbito do Conselho Nacional do Turismo, foi um passo importante para a institucionalização do tema nas políticas públicas de turismo no País. Este documento servirá ainda para subsidiar o debate sobre o desenvolvimento da atividade turística no País, para a formulação de políticas públicas, para os investimentos privados e para a ação empresarial. Quanto às fragilidades, nos é possível observar, principalmente na perspectiva interna, a organização e estruturação da oferta com qualidade, segurança e viabilidade econômica. A definição dos conteúdos de qualificação dos serviços, produtos e pessoas, conforme as exigências do mercado, deve adotar como princípio a aplicação, com as adaptações necessárias, das normas técnicas de certificação do turismo desenvolvidas pelo MTur e publicadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), de modo a estabelecer um padrão mínimo de qualidade da oferta. Quanto ao processo de promoção e comercialização da atividade, observamos algumas inconsistências relativas à baixa qualidade de comunicação dos materiais promocionais desenvolvidos no âmbito dos projetos, com falta de foco no cliente. O estabelecimento de uma estratégia de divulgação para o mercado, com maior grau de profissionalização, associando a promoção dos destinos onde os projetos se encontram à promoção do País, de uma forma geral, nos parece uma alternativa viável para promoção dos projetos. A linguagem utilizada nos materiais elaborados, de uma forma geral, é pouco centrada em atrair o turista. Detecta-se certa ambiguidade entre a comunicação institucional do projeto e da experiência e a de promoção dos destinos, produtos e serviços, ofertados aos visitantes. Apesar das iniciativas de TBC não se resumirem aos aspectos estritamente econômicos, não há como prescindir deles, e para a atração do visitante é necessário certo nível de qualidade da oferta turística, sem que isso altere de forma significativa o modo de vida local. Este fato cria dificuldades no processo de promoção e comercialização da atividade. Tal interpretação nos conduz ao entendimento de que o Turismo de Base Comunitária deve estar na pauta de formulação de políticas públicas, não apenas em âmbito federal. Para tanto, a aproximação das iniciativas das políticas dos Estados e municípios é uma variável importante. A definição de uma política pública para o TBC não deve perder de vista os aspectos apontados anteriormente. Mais, pela própria natureza da atividade, é condição sine qua non contemplar diferentes estratégias de atuação e apoio, de modo a compatibilizar a singularidade, a autenticidade e a originalidade deste produto com a viabilização econômica da atividade. Enfim, inúmeros são os desafios a serem enfrentados pelo poder público, comunidades anfitriãs, mercado e instituições não governamentais, para concretizar as atividades de Turismo de Base Comunitária, como opção econômica com geração de trabalho e estratégia de diversificação da oferta turística do País. Ou, como afirma a professora Marta Irving: “Precisamos de muita vontade, de cabeças abertas para mudanças, de diferentes agentes sociais, integrados, trabalhando em parceria para resolver e partilhar o turismo sustentável.”


1. Turismo comunitário. 2. Projetos de turismo de base comunitária.

3. Experiências – ações de promoção ao turismo comunitário.

Tipo de publicação
Outros
Local da publicação
Brasília, DF http://www.turismo.gov.br/sites/default/turismo/o_ministerio/publicacoes/downloads_publicacoes/Caderno_MTur_alta_res.pdf
Nº da edição ou volume
Editora
MTur - Ministério do Turismo http://www.turismo.gov.br
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