Midiateca

Memórias da Reunião de Pesquisa e Conservação da Natureza no Litoral Norte da Paraíba Manejando a pesquisa e pesquisando o manejo das áreas protegidas

Autores

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) - APA e ARIE Mamanguape e REBIO Guaribas (ICMBio Mamanguape - Núcleo de Gestão Integrada (NGI) ICMBio Mamanguape - Coordenação Geral e Edição do Conteúdo: Afonso Henrique Leal (ICMBio)

Ano de Publicação
2018
Categoria
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
Descrição

Apresentação.....................................................................................................................................3

Trabalhos de referência das palestras...............................................................................................6

Percepção de Unidades de Conservação por moradores de comunidades rurais do entorno: o caso da REBIO Guaribas...........................................................................................................7

Estimativa de densidade populacional de aves ameaçadas da Reserva Biológica Guaribas.....9

Controle da espécie de palmeira exótica invasora Elaeis guineensis Jacq. (dendê) na Mata Atlântica: uma proposta de pesquisa e extensão na Reserva Biológica Guaribas.....................12

Diversidade estrutural da flora lenhosa de savanas costeiras nordestinas.................................15

Herpetofauna de dois tipos de hábitat (tabuleiros e Floresta estacional semidecidual) na Reserva Biológica Guaribas, Nordeste do Brasil......................................................................19

Filogenia de cigarrinhas e a conservação de encraves de savana na Mata Atlântica nordestina.......................20

Para que servem as Unidades de Conservação? Um estudo sobre os mamíferos silvestres em mosaicos de cana-de-açúcar no Estado da Paraíba, Brasil........................................................27

Conectividade de fragmentos florestais prioritários para a conservação de espécies ameaçadas de primatas na Mata Atlântica paraibana................................................................43

Biologia reprodutiva de uma espécie de orquídea como indicadora dos efeitos da fragmentação de habitat em unidades de conservação de Mata Atlântica nordestina...............45

Histórico e perspectivas da reintrodução do guariba-de-mãos-ruivas (Alouatta belzebul) na Reserva Biológica que leva seu nome.......................................................................................51

Experiência e proposta de manejo da preguiça-comum (Bradypus variegatus) em uma praça de Rio Tinto, ambiente urbano da APA do Rio Mamanguape..................................................54

Animais silvestres resgatados como fonte de indivíduos a serem manejados para a conservação de espécies: uma proposta para a preguiça-comum (Bradypus variegatus).........61

Notas do Editor.................................................................................................................................64

Programação.....................................................................................................................................67


Apresentação

No dia 19 de outubro deste ano, de 2018, realizamos a “Reunião de Pesquisa e Conservação da Natureza no Litoral Norte da Paraíba”, um evento para integrar a pesquisa científica com a gestão das áreas protegidas no litoral norte da Paraíba. O evento começou a ser pensado como a continuação do Encontro de Pesquisadores da Reserva Biológica Guaribas, que teve sua terceira e última edição em 2012 e cuja continuidade estava interrompida desde então. Na atual conjuntura do ICMBio, a referida unidade de conservação (UC) faz parte do chamado Núcleo de Gestão Integrada (NGI) ICMBio Mamanguape, responsável pela administração conjunta da Área de Proteção Ambiental (APA) da Barra do Rio Mamanguape, Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) dos Manguezais da Foz do Rio Mamanguape e Reserva Biológica (REBIO) Guaribas. No início do planejamento do evento, o NGI ICMBio Mamanguape ainda não havia sido criado, de forma que a escolha das palestras acabou privilegiando a REBIO Guaribas, unidade de conservação onde coordeno as atividades relativas à Pesquisa, Educação e Extensão. Mas essa desproporção de temas será corrigida em edições futuras da reunião, com a inclusão, por exemplo, de temas costeiro-marinhos, bem como de temas sociais importantes para qualquer categoria de área protegida, mas principalmente àquelas de uso sustentável, como APA e ARIE.

O título do evento foi decidido não apenas por critérios estéticos, mas também semânticos, que refletem a finalidade e o escopo para que está sendo planejado. Reunião é um termo comumente usado para denominar um evento de gestão, no qual os participantes tomam decisões conjuntas. A ideia por trás dessa palavra é que, neste evento, não apenas sejam trocadas e debatidas informações científicas de qualidade sobre os temas abordados, mas que os debates gerem recomendações de ações práticas de gestão, baseadas nas informações apresentadas. Para isso, este livro de memórias da reunião contém, além dos artigos de referência de cada palestra, uma seção de notas do editor, onde constarão as recomendações de decisões de gestão para a conservação, dentro e fora das unidades de conservação que compõem o NGI ICMBio Mamanguape. Como não houve tempo para se propor coletivamente encaminhamentos de cada debate, esta seção não traz uma construção coletiva de recomendações, mas percepções pessoais a partir do que foi debatido. A expressão Conservação da Natureza foi escolhida por ser algo mais amplo do que apenas a Biodiversidade, uma vez que a Natureza inclui as rochas, o solo, as águas, o ar e o clima e, por que não os humanos que nela vivem e a modificam? Por falar nisso, a partir de que grau de modificação um ambiente deixa de ser natural e passa a ser artificial? Se considerarmos que o ser humano é uma das espécies da fauna

4

da Terra, nenhum ambiente é, de fato, artificial e não faria sentido nos preocuparmos com conservação, pois tudo seria Natureza, certo? Vamos deixar essa questão de lado, por enquanto. E por que essa reunião é “no litoral norte da Paraíba” e não “do NGI ICMBio Mamanguape” ou “das UCs do litoral norte da Paraíba”? Porque as estratégias para promover a conservação na região não passam apenas pela gestão das unidades de conservação federais, mas também por outras áreas especialmente protegidas, como as UCs estaduais e municipais, terras indígenas, reservas legais e áreas de preservação permanente, além de atributos naturais fora desses ambientes.

O tema desta primeira edição, “Manejando a pesquisa e pesquisando o manejo das áreas protegidas”, refere-se a, na primeira expressão, usar o conhecimento científico da pesquisa para gerar e aplicar ações práticas para a conservação e, na segunda, fazer pesquisas sobre as ações práticas que já são feitas para avaliá-las e melhorá-las. Esse, na verdade, é para ser um tema implícito em todas as edições futuras do evento, mas nesta primeira edição, fiz questão de deixar explícito. Pode parecer simples fazer essa ponte entre pesquisa e manejo, mas não é tão fácil de acontecer e há uma diversidade de pesquisas procurando explicar por motivos tais como: falta de conhecimento do pesquisador com a realidade da gestão; falta de tempo, capacidade ou interesse do pesquisador em traduzir sua pesquisa para a gestão; falta de tempo, capacidade ou interesse do gestor em assimilar informações da pesquisa; e falta de tradutores entre as linguagens de ambos os grupos. Um estímulo positivo que tenho visto no ICMBio, desde a sua criação, é o incentivo aos servidores capacitarem-se como pesquisadores, principalmente por meio da pós-graduação, e também o direcionamento da pesquisa executada no instituto para se tornar mais aplicada à conservação, com diretrizes claras sobre como fazê-lo. Mas um gestor-pesquisador precisa ser direcionado a aplicar sua pesquisa? Se ele exerce as duas funções deveria saber aproveitar as habilidades de ambas para integrá-las não? Sim, mas ainda assim é difícil, talvez por não sermos treinados para isso. Eu mesmo tenho vencido essa dificuldade aos poucos: ingressei em um doutorado com um tema mais aplicável à conservação e acabei trocando por outro mais familiar e, aparentemente, menos aplicável e defendi a tese aprovado com distinção, mas quase sem fazer essa integração, embora tenha lido e refletido questões não abordadas. Ao recomeçar meu trabalho no ICMBio, na REBIO Guaribas, comecei a orientar estudantes PIBIC na linha “Pesquisando o manejo”, a partir de dados de gestão cuidadosamente produzidos, organizados e armazenados pelos colegas trabalho. Meu último artigo da tese, até então engavetado, tem tido sua discussão melhorada a partir de alguns aspectos teóricos que não usei antes, bem como de conhecimentos da gestão. O resultado disso foi apresentado como palestra e em um dos trabalhos constantes neste volume. Para fazermos essa integração, precisamos fazer o exercício mental de não pensar ora como gestor e ora como pesquisador, mas pensar como um híbrido, alguém que é os dois ao mesmo tempo. E o pesquisador de fora do ICMBio está convidado a se imaginar gestor também para pensar melhor suas pesquisas.

O conteúdo deste volume é representado principalmente pelos trabalhos de referência das palestras, de extensão variável, mas com estilo padronizado. Após esses textos, entra-se a seção “Notas do Editor”, onde faço comentários aos assuntos abordados no evento, com base nas palestras, seus respectivos trabalhos e, principalmente, nos debates.

Saudações,

Dr. Afonso Henrique Leal

Coordenador Geral e Editor

Tipo de publicação
Outros
Local da publicação
Mamanguape - PB
Nº da edição ou volume
Editora
ICMBIO
Link